segunda-feira, 7 de junho de 2010

E lá se foi o meu amor...

E lá se foi o meu amor...

Nas salgadas gotas de lágrimas
Que escorriam dos meus olhos
Pintei você

E nas pegadas nítidas que seus lindos pés
Deixavam para trás
Para trás fiquei também

E hoje, nas lembranças que assombram minha mente
Tornei-me cativo
Cativo de você

Isaías Gresmés 07/06/2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O MAL SEMPRE SERÁ FREGUÊS DO BEM

O mal é freguês do bem,
Pois às forças benfazejas,
Sempre será ele um “Zé Ninguém”...

O bem e o homem vão além,
Para sanar as malvadezas
Que em nossa Terra se mantêm...

O mal é serviço malfeito.

O bem é o reparo perfeito.

Isaías Gresmés 2/06/2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

PASSAM-SE OS ANOS, MUDA-SE A IDADE...

PASSAM-SE OS ANOS, MUDA-SE A IDADE...

Passam-se os anos, muda-se a idade
E a alma bebê, essa, fica lá atrás...
Isto é fato, mas não pode jamais
Ser um motivo de infelicidade!

Viver o momento é linda atitude.
Não dê importância à velhice iminente,
Pois não há na Terra um só ser vivente
Que goze para sempre a juventude!

Que venha a vida! Sucedam-se os anos:
Uns nos acertos, outros nos enganos;
Ora amistosos, às vezes, hostis;

Que nada, nada, vai me esmorecer!
E a vida, a vida, essa, eu irei viver
Para realizar o que ainda não fiz.

ISAÍAS GRESMÉS 19/05/2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

SERENIDADE

SERENIDADE

Serenidade:
Será que é ela,
Aquela brisa que leva
O paraquedinha de dente-de-leão,
Para os braços da imensidão?

Serenidade:
Será que é ela,
Na luz tênue de uma vela,
Durante um jantar romântico,
De delicadas donzelas?

Serenidade:
Será você
Que paira,
Delicada,
No sono dos bebês?

Serenidade...

Engraçado: somente quando feliz
Eu pude sentir você...

Isaías Gresmés 29/04/2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Minha poesia chora

Minha poesia chora

Minha poesia chora
Quando o brilho da esperança
Me abandona e vai embora

Minha poesia chora
Quando a minha criança
Decide virar senhora

Minha poesia chora
Quando esqueço que, para o bem
Não preciso marcar hora

Minha poesia também chora
Quando germina em meu peito
A semente da vitória

E continua chorando
Toda vez que vou lembrando
De partes da minha História

Isaías Gresmés 28/04/2010

sábado, 10 de abril de 2010

APENAS UM TOQUE

APENAS UM TOQUE

Ora, não culpes a chuva por molhar a terra!
Nem o morro despido, pelo desmoronamento...

Os pingos do céu só não lavam o desgoverno!
No mais, lavam e promovem a vida no seio do solo
E abastecem de vida os leitos dos rios:
Verdadeiras artérias da mãe Terra.

Ora, não blasfemes!
Olhai os animais, que durante a tempestade,
Abaixam as cabeças em respeito...

Feliz o homem que tem a humildade de aprender
O que um animal tem para ensinar.

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA – 10/04/2010

domingo, 4 de abril de 2010

Mestre Yoda

MESTRE YODA

“Ninguém grande a guerra faz.”
Guerra, pequeno pensamento é.
Se pensas assim, voltes para trás,
Até o ponto onde deixastes a fé.

“Julgas-me, acaso, pelo meu tamanho?”
Oras, não faças isso nunca não!
Maior eu sou que meu pensamento,
Cujo tamanho foge à sua razão...

“Incomodas-te minha aparência?”
Tê-la boa é raro com minha idade...
Preocupa-me mais é minha essência,
Pois é ela, a minha singularidade...

“Não subestime, da força, o lado negro!”
Pois, vítima fatal, dele, podes ser.
Cultives o bem em teu coração
Se, nesta vida, queiras bem viver.

Isaías Gresmés 3/04/2010

sábado, 27 de março de 2010

O que dizer

O que dizer

O que dizer da vaidade
Senão que ela se vai com a idade

O que dizer da ambição
Senão que ela é coisa do cão

O que dizer da verdade infinda
Senão que ela não existe ainda

O que dizer da felicidade
Senão que ela deixa uma saudade

Isaías Gresmés 27/03/2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

OPUS VITAE

OPUS VITAE

Eu e a poesia vivemos entre o céu e o inferno
Quando no céu, meus versos são ternos, feito riso de bebê
Quando no inferno, meus versos são rudes, feito escarro de bebum

Minha poesia brota dos meus dedos
Os mesmos dedos que acaricia no ato do amor
E que, em outros momentos, executam as minhas tragédias pessoais:
Parte da minha poesia deve permanecer obscura

Pois

Minha poesia eu sou
Com a difícil tarefa de tornar-se carne a cada novo dia


ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA 19/03/2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Sussurros de um futuro bom

Sussurros para o futuro bom

Agasalhei, em meu colo, a melhor parte de mim
E beijei-lhe a face com toda ternura
Prometi-lhe, em pensamento, a mais linda aventura
Que é a alegria de a vida viver

Ela nada disse, apenas espreguiçou

Continuei a dizer-lhe palavras de amor
E afaguei seus cabelos com dedos de algodão

Ela, por instantes, me olhou e sorriu
E dormiu confiante num futuro bom

Isaías Gresmés 09/02/2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

A SORTE POR UM TRIZ

A SORTE POR UM TRIZ

-Você tem que começar a me ajudar! Veja se eu não tenho razão: quase trezentos reais, só da loja de roupas! Assim não dá porra!
-E você quer que eu ande por ai que nem uma mendiga? É isso o que você quer? – Quando você me tirou da casa dos meus pais, me prometeu o mundo e o fundo, agora fica reclamando? Pois pode parar de reclamar e trate de me valorizar viu, meu nego! Eu não sou sua escrava não viu!
-Para de falar Maria, que eu já estou ficando doido! Puta que pariu! Você fala pra caralho! – Vou trabalhar, pois já não estou aguentando sua ladainha!
-Vai seu ingrato! Neste momento Maria começa a chorar. – Você um dia vai se arrepender de todas essas ofensas que me faz! – Vou ligar pra mamãe!
-É hoje! É hoje!
E assim terminava mais uma discussão entre aquele casal; discussão, aliás, que já estava virando rotina. A renda do casal se resumia no que João ganhava como policial e nos “bicos” que ele fazia para complementar a renda, pois seu salário era bem parco.
João coloca seu cinturão, checa sua pistola, olha para a mulher com cara de poucos amigos e sai para o trabalho.
“Ô vida desgraçada! – trabalho feito um escravo para sustentar esta miserável e ela ainda não reconhece... Que merda! Vou ter que passar na lotérica para pagar esta maldita fatura... ainda bem que tá perto...”
João seguia seu rumo em direção à lotérica, amarrado em pensamentos nada animadores.
Chegando ao estabelecimento, ele fez uso da sua autoridade e passou na frente de todos.
- Eu quero parcelar esta fatura em três vezes – ordenou ele à moça do caixa.
- Vai levar um bolão hoje, seu João? – aproveita o troco e leva, ofereceu a moça, sorrindo.
-Tudo bem, responde João, irritado com a demora da moça.
João pega a fatura paga e coloca no bolso; dobra o jogo do bolão e segura em uma das mãos.
Na saída da lotérica, para em uma banca de churros e compra um. Sai mordendo o meloso doce... Após tê-lo devorado, restou-lhe apenas o papel na mão. “Que droga! – não tem sequer uma lata de lixo nesta porcaria de cidade!” Fez uma bolinha com o papel e passou-a para a mesma mão onde segurava o jogo do bolão da Mega-Sena. Continuou na caminhada. Mais à frente, na calçada, avistou um monte de lixo; decidiu jogar a bolinha de papel ali mesmo. Ao dispensar a bolinha de papel, o jogo foi junto. Um senhor, que aparentava ter por volta de quarenta anos, pegou os dois papéis e em seguida gritou:
-Ei policial! – que coisa feia! – uma autoridade, que deveria dar exemplos à sociedade, joga lixo na rua, assim, em plena luz do dia! – o senhor não tem vergonha na cara não?
-Ora, mas quem é você, seu filho da puta! – com quem você pensa que está falando hein?!
-Eu sou um cidadão, cumpridor dos meus deveres e não admito que uma pessoa, que deveria zelar pela ordem pública, dê um tremendo mau exemplo, como foi esse que acabo de presenciar!
-Ah é! – você não admite!? – então toma desgraçado!
João desfere dois tiros à queima roupa naquele homem. Por coincidência, passava uma viatura naquele momento ali. Os policiais desceram do carro e se dirigiram ao João em busca de uma explicação.
-O que aconteceu companheiro? – disse um deles.
-Esse... – esse indivíduo tentou fazer uma “saidinha” aqui na lotérica... Mentiu João, tentando imprimir confiança no absurdo que acabara de dizer.
-... Ele agarrou a bolsa de uma senhora... Neste momento eu cheguei e o abordei... Foi quanto ele esboçou uma reação de pegar uma arma... Então saquei a minha e o alvejei.
- Calma amigo! – Fica calmo, que já passou!
As pessoas começaram a se aglomerar em torno do local. Alguns, inconformados, iniciaram um coro: “Assassino!” Os policiais sacaram as armas e afastaram os mais exaltados.
Um jovem, beirando uns quinze anos, fura toda aquela confusão e grita mais forte que todos:
-Meu Deus! – é o meu pai! – O que fizeram com o senhor, meu pai! O adolescente se agarrou no pai que agonizava no chão, chorando de uma forma que comoveu quase todos que ali estavam.
-Quem fez isso com o senhor! – Por quê!?
O homem, na agonia da morte iminente, balbuciou:
-Meu filho, toma... joga isso no lixo... da maneira como eu te ensinei. O rapaz pega a bolinha de papel e o jogo e, em seguida, enfia-os no bolso. Olha para o pai e grita:
-Não morra pai!
Mas não havia mais nada o que se fazer para salvar aquele pobre senhor.
– Meu pai morreu! – Quem matou meu pai? Ao terminar de proferir esta última frase, perdeu os sentidos.


Dois dias após o ocorrido, João se dirigiu para os fundos da sua casa. Lá pegou uma folha de papel e escreveu sua última redação: “Minha querida esposa, não tenho mais vontade de viver. Devido ao meu temperamento explosivo, pus fim à vida de um inocente e, por consequência, desestruturei completamente uma família. Fui um covarde e manchei a honra de um homem correto. Ele foi assassinado por mim e eu, não tendo coragem de assumir a culpa, acabei por construir uma farsa; farsa esta que não está me deixando viver mais.
Quero dizer que te amo e que sempre te amarei. Foi uma pena que não tivemos nenhum filho... Se isso me deixa triste, por outro lado me deixa mais aliviado para a decisão que tomo de por um fim à minha vida. Fica com Deus minha querida.
Como último pedido, peço-lhe que vá até o distrito policial onde foi registrada esta ocorrência e divulgue ao delegado a verdade do fato.”

Maria acorda com o estampido. Ainda zonza, sai correndo para os fundos da casa.
-Não! – O que você fez amor! – o que você fez?
Maria ajoelha-se ao lado do marido morto, chorando compulsivamente. Pega a folha de papel da mão dele e inicia a leitura do seu conteúdo.
Ao final da leitura, olha para o marido estirado no chão, segura uma das mãos dele e, com ela, faz um carinho na própria barriga. “Seu tolo! – nosso bebê está aqui!”
Naquele mesmo dia, em outro canto da cidade, dona Gresmelina, mulher do senhor assassinado, retoma a dura rotina de dona de casa, mas agora com um pouco mais de dificuldades, pois ficara viúva, com quatro filhos para criar e ainda tentava engolir aquela injustiça que fizeram com seu marido. “Meu marido não é e nunca foi ladrão não senhor!” Ainda se lembrava do apresentador de TV, sensacionalista, que passou um programa inteiro chamando seu marido de “safado”, “pilantra”, “vagabundo”, “trombadão” e tantos outros termos nada agradáveis.
A triste senhora pega o cesto de roupas sujas. Começa então um ritual que toda dona de casa realiza nessa hora: revista, peça por peça, seus bolsos, em busca de algo esquecido ali. Assim ela acha a bolinha de papel e o bilhete do bolão. Como ela não sabia ler, chamou o filho:
- José! – que papel é esse meu filho, que eu achei no bolso da sua calça?
O rapaz vem até a mãe e diz:
- Recebi este papel e uma bolinha, também de papel, da mão do pai antes dele morrer... Fez uma breve pausa e continuou. – Ele me falou “Joga no lixo filho, como eu lhe ensinei...”
– Assim que ele me entregou, deu o último suspiro e se foi.
- E foi meu filho! – Mas que miséria de papel é esse?
- Dá aqui mãe, deixa eu ver...
-É um bolão da Mega-Sena. José olha para o calendário na parede e comprova que é quinta-feira.
- Mãe, deixa eu ir à lotérica para conferir este jogo?
- Não! – De jeito nenhum! – Espera um pouco que eu vou com você! - Nem você nem seus irmãos – enquanto vida eu tiver – voltarão lá sozinhos!

Duas horas depois, mãe e filho se aproximam da lotérica. De longe um imenso cartaz chamou a atenção do rapaz. “Aqui saiu o bolão premiado do maior concurso da história da Mega-Sena: R$ 180 milhões! – 10 felizardos estão milhonários...” José cutuca a mãe e pede o bilhete:
-Vai logo mãe! – passa logo o bilhete!
Abaixo do anúncio do prêmio, em destaque, aparecia a sequência premiada: 1-2-5-10-34 e 45.
-Meu Deus mãe! – estamos ricos!

Isaías Gresmés 05/03/2010 - FIM

quarta-feira, 3 de março de 2010

AS POSSÍVEIS LIÇÕES DE UM SONHO

AS POSSÍVEIS LIÇÕES DE UM SONHO.

Quando abri meus olhos, sem entender por que, me vi naquele horrível local. Era um pequeno espaço, com pouca luz e horrivelmente sujo. Também não sei a razão, de repente me deu uma vontade imensa de evacuar; neste momento percebi que estava apenas com uma camiseta e uma cueca. Percorri com o olhar, todo o recinto à procura de um banheiro; vi, num canto do recinto pestilento, algo que parecia uma latrina. Dirigi-me até ela. Não gostei da aparência dela, pois estava repleta de fezes, vermes e urina velha. O odor que dali exalava deixou-me nauseabundo. O pior foi quando olhei para os meus pés (eu estava descalço!): percebi horrorizado que pisava em fezes de ratazanas e também em fezes humanas. “Deus! Que lugar maldito é esse?” – pensei inconformado.
Após ter me aliviado naquela tétrica latrina, constatei consternado que havia uma descarga e, pasmem! – havia água! “Mas por que essa imundície toda?” – mais uma vez perguntei para o além.
Olhei mais uma vez para os quatro cantos daquele espaço imundo e, só então pude comprovar que não me encontrava sozinho. Num canto, sentado numa lata, encontrava-se um homem. Seu semblante me dizia que ele teria por volta de quarenta anos. Era possuidor de uma vasta cabeleira castanha clara, uma barba densa de igual cor; usava óculos e estava bem vestido. Percebi que ele gesticulava com veemência enquanto falava com um olhar perdido... Senti que ele não notava minha presença.
Aproximei-me dele a fim de escutar o que ele falava. Pude notar, pelas suas queixas, que ele estava muito zangado com toda aquela sujeira.
“Mas isso é uma pocilga! – por que ninguém limpa este lugar? – onde está o responsável por este lugar? – vocês sabem quem sou eu? – quando eu sair daqui vou chamar a vigilância sanitária e mandar lacrar este local desprezível!”
“Nossa, este homem está uma fera!”. “Acho que ele é uma figura importante, pois nem deu trela à vassoura e ao material de limpeza que se encontra bem ao seu lado!”
Logo ao lado do homem alterado encontrava-se uma mulher deitada. Quando cheguei perto dela, levei um susto: ela estava olhando para mim; mas não foi isso que me assustou, foi a sua aparência; na cabeça daquela mulher pude contar dois imensos chifres! Sim, chifres! Ela não dizia coisa inteligível, de forma que eu nada entendi do seu balbuciar; pareceu-me que ela encontrava-se sob efeitos alucinógenos...
Desviei meu olhar, em busca de melhores imagens, mas só vi vultos e nada mais. “Meu Deus, será que eu estou no inferno?” Mais uma vez ninguém me respondeu.
Sem mais pensar em nada, corri de encontro à porta e, quando consegui abri-la, acordei daquele pesadelo nojento.

Após o café da manhã comecei a debulhar aquele sonho, para tentar entendê-lo. Por que aquele local era sujo, sendo que havia água, vassoura, material de limpeza e pessoas lá? O que um homem, aparentemente intelectual, estaria fazendo naquele local? Seria para me ensinar que a água, a vassoura e o material de limpeza, sozinhos, não fazem nada? Mas, isso não é óbvio demais? E o intelectual, o que ele queria me dizer? Será que é para me alertar que falácias não movem vassouras? E a mulher chifruda e drogada, o que queria me dizer? Seria para me mostrar como é feio ser olhado e não ser enxergado? Seria tudo isso?

Rezei um Pai Nosso em pensamento e voltei a dormir. - FIM


ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA – 03-03-2010

Vou escrever palhaçadas

Vou escrever palhaçadas

Vou escrever palalhadas
Descargas da minha mente
Que o coração não sente
Embora sejam rimadas

Vou gorfar titicas
Que a razão não aprovou
Mas que o mal gosto arrotou
Postado aqui fica

Vou adubar o terra
Com essa merda de verso
"Air bus" sem reverso
Guerreiro sem guerra

Vou ser inconveniente
Porque estou alterado
Por isso perdoem-me esse enfado
De alguém inconseqüente

Até merda tem sua serventia
Processada, alimenta os vegetais
É caviar para alguns animais
Até bosta tem sua magia...

Isaías Gresmés 18/07/2008

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

BORBOLETA AZUL

BORBOLETA AZUL


Voando entre as margaridas
Eu vi uma criatura
Que abalou minhas estruturas
Era linda! Azuladinha
Tinha em seu voar
Um quê de brandura
Dois quês de ternura
Mais parecia um levitar

Era azuladinha
A linda criaturinha
Assim como é o mar
Ai meu Deus
Que linda criaturinha
Bonita azuladinha
Olhando-a, pus-me a sonhar
E quando me despertei
Tentei, juro que tentei
Mas não consegui parar
E, a partir daquele momento
Para meu contentamento
Àquela criaturinha
Bonita e azuladinha
Conjuguei o verbo amar

Isaías Gresmés 26/02/2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

NOVO LAR*

NOVO LAR*

Depois de decorridos uns trinta minutos, a portinha daquela singela salinha se abre. Do lado de dentro, um senhor de barba longa e já totalmente branca, faz um sinal para aquela senhora entrar.
- Boa noite minha senhora, qual é o seu nome e em que posso ajudá-la?
-Boa noite. Meu nome é Maria, fez uma pausa, enfiou a mão no bolso do casaco e pegou um lenço para enxugar as lágrimas que recomeçaram a cair e continuou, - estou aqui em busca de ajuda...
Dito isso, a pobre mulher se inundou em lágrimas.
O senhor de barba branca saiu detrás da mesinha onde se encontrava e foi de encontro a ela na intenção de confortá-la.
-Acalme-se dona Maria, pois eu tenho certeza que a senhora vai sair daqui hoje bem melhor do que quanto entrou por esta porta. Vamos, confie em mim e me ajude na prece do Pai Nosso, tudo bem? A triste senhora concordou com o olhar ainda inundado.


“Primeiramente, muito obrigado pela ajuda que o senhor está prestando a mim e a minha mãe. O que vou lhe ditar agora foi exatamente como aconteceu o fato. Era sexta-feira e eu já estava contente só em pensar nas horas a mais de sono no sábado. A noite se mostrava espetacular, apesar do intenso frio do mês de junho. Na rua não se via mais ninguém, afinal no relógio da esquina eu pude ver que faltavam somente quinze minutos para meia noite. Resolvi apressar os passos para não perder o último trem que passava exatamente às 0h05. Quando eu estava quase chegando à estação, um objeto brilhante caído no canto da calçada chamou minha atenção. Abaixei para pegar. Era um colar. Sua composição era bem simples: um singelo cordel de fibra natural entrelaçada, com uma letra “i” de mais ou menos uns quatro centímetros no centro. Andei mais rapidamente até um portão onde havia uma luz forte, a fim de checar mais detalhes. Para minha surpresa pude ler, sem dificuldade, uma estrofe que, de início, achei bem enigmática. Assim estava escrito:

‘Dentro desta letra há uma instrução
A qual deverá cumpri-la direito.
No fim ganhará como premiação
A magia do amor que está no meu peito.’

Meio confuso e sem entender direito o que queria dizer aquilo, resolvi abrir a tampinha da letra, o que fiz sem problema algum. Retirei um pequeno papel e, ao desenrolá-lo, pude ler a tal instrução: ‘Nosso dia chegou meu amor. Meia noite, nesta estação’.
Fiquei mais confuso ainda e comecei a bombardear minha consciência com várias perguntas e tentava, em vão, respondê-las. Medo eu não senti, muito pelo contrário, senti crescer dentro de mim uma curiosidade que há muito eu não experimentava. Quem me chamava de amor? Será que a mensagem se dirigia a mim? Eu estava ficando maluco? Por que eu me arrepiei só em imaginar que poderia, finalmente encontrar a minha amada? Justo eu que nunca namorei e que, por isso sempre fui motivo de chacotas por parte dos amigos e parentes!... Será que o meu esforço em me preservar para alguém, que eu sempre tive certeza que um dia chegaria, valeu? Decidi acreditar que sim.
Faltavam apenas alguns segundos para meia noite quando cheguei à estação. Não havia mais ninguém, somente eu. Uma sensação de descontentamento começou a se apoderar de mim. Olhei o relógio novamente: cinco... quatro... três... dois... um. De repente um clarão... O ambiente frio e malcheiroso devido ao rio poluído que morria ao lado, naquele instante ficou todo envolto numa névoa perfumada e brilhante. E, flutuando encantadoramente, apareceu a mais bela criatura que meus olhos já viram. Sim! Eu já vira esta beldade em meus sonhos mais lindos e, naquele instante tive a certeza de que ela era a dona de todo o amor que eu pacientemente guardei por todos estes anos!
Ela nada me disse com a boca, mas me disse tudo o que eu queria ouvir com apenas um sorriso.
A partir daquele momento eu já não mais vivia para a matéria; mas, no entanto, renascia para o verdadeiro amor, pois aquele derradeiro encontro, na verdade, foi apenas mais um reencontro entre nós, em nossa trajetória em conjunto, rumo à eternidade."


Ainda em transe, o bondoso senhor entrega a mensagem à dona Maria que, imediatamente, começa a lê-la. À medida que a leitura avança, seu semblante vai se tornando mais sereno. Ao final da leitura ela continuava a chorar, mas também ria. Suas lágrimas já não mais estavam carregadas de dor, agora estavam impregnadas de esperança, de resignação, de paz.
-Muito obrigado meu amigo. Fica com Deus!
-Vai com ele também dona Maria!

FIM – ISAÍAS GRESMÉS – 21/02/2010 * (Conto inspirado no soneto “Novo Lar”, de minha autoria).


NOVO LAR

Em uma calçada encontrei um colar,
De fino cordel e simples labor,
Com uma letra “I” a se destacar,
E nela, um escrito era instigador:

“Dentro desta letra há uma instrução
A qual deverá cumpri-la direito.
No fim ganhará como premiação
A magia do amor que está no meu peito.”

Meia noite... confuso e ressabiado...
Dirigi-me então ao local combinado:
Uma velha e erma estação de trem...

Foi então que uma deusa surgiu do além,
Ofertando a mim um lindo sorriso:
Era o meu bilhete para o paraíso.

Isaías Gresmés 07/12/2008

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Um outro olhar*

UM OUTRO OLHAR*


-Oi vô, tudo bem?
-Oi meu querido, que bom que você veio me visitar!
-Ah vô, eu não via a hora de chegar as minhas férias escolares para vir aqui e escutar aquelas estoriazinhas que só o senhor sabe! Ainda me lembro de todas elas... Sabe vô, algumas vezes eu até sonhava com elas!
-Bondade sua meu querido... Bom, então vem aqui e me dê um abraço, um beijo e um aperto de mão, pois, como você já sabe, este é meu pagamento antecipado.
-Oh vô! – me desculpe (neste momento o neto abraça o avô calorosamente, em seguida beija-lhe a face enrugada e finaliza com um afável aperto de mão)!
-Muito bem, já fui devidamente pago (fala o avô sorrindo), agora vou narrar a estória de um homem de valor que jamais se deixou abalar pelo peso da vida (deu um longo suspiro, mirou o horizonte com um olhar perdido e começou a narrar).
-Certo dia, como lhe era habitual no dia do recebimento da aposentaria, João, esse era o nome desse homem valoroso, pedira à irmã mais velha, cujo nome era Maria, para acompanhá-lo até a agência bancária, que ficava bem distante da periferia onde eles moravam (respirou um pouco e continuou). No meio do caminho, Maria começou a se aborrecer com o que via:
-Ah João, que coisa triste! Várias crianças mendigando na rua!
João ao escutar o lamento de Maria, procurou confortá-la, mas não conseguiu, pois o que ela presenciou a seguir, a deixou furiosa.
-O que aconteceu vô?
-Uma coisa lamentável: do outro lado da rua havia um homem mal encarado recolhendo os trocados que os meninos recebiam como esmolas dos transeuntes!
-E o que ela fez? – E o João, o que fez?
-Calma ai que já conto (fez uma pausa, olhou nos olhos atentos do neto e continuou). – Maria começou a xingar aquele homem, mas com a voz bem baixa, de forma que somente João pode escutar.
- Maria, não se preocupe com isso minha irmã! Lembre-se do ensinamento do nosso Senhor: “benditos são os que têm sede de justiça...” (apertou a mão da irmã e prosseguiu) - Minha querida irmã, eu tenho certeza que essa esmola que você viu este homem tomando das crianças, será o preço que a vida vai cobrar dele. Quanto às crianças, bem, acreditemos na justiça divina!
-Ah, eu sei meu irmão, mas é que eu não consigo ver estas coisas e me conformar, entende?
-Entendo! Entendo sim minha irmã! Mas vamos! - vamos seguir nosso caminho, tudo bem?
-Nossa vô, esse João me parece ser um cara sereno, enquanto que a Maria parece ser um tanto quanto temperamental, não é verdade?
-Sim, você observou bem, é isso mesmo (o avô gostava quanto o neto interagia com ele: era sinal que já estava enxergando a estória), pois, mais à frente, outro fato fez Maria perder as estribeiras, havia vários rapazes, alguns até mais novo que você, fumando maconha!
-Tá vendo? Eu não aguento isso meu irmão, esses moleques não sabem nada da vida ainda, no entanto, já estão se envenenando com essa droga maldita!
-É irmã, eu estou sentindo o cheiro desta erva maldiçoada. Concordo com você querida, eles não sabem nada da vida, muitos até perderão a vida antes de saber alguma coisa, mas Deus é misericordioso e mostrará àqueles que optarem pelo caminho reto, que sim, é possível viver na dura vida das periferias, sem a ilusão das drogas.
-É irmão, você sempre tem uma palavra de conforto para mim, obrigado! – Vamos, pois já estamos bem próximos da agência bancaria.

-Vô, uma coisa está me intrigando nesta estória, o João não podia andar sozinho devido a alguma deficiência nas pernas, por isso que ele era sempre acompanhado pela irmã?
- Não meu querido (respondeu o avô, sorrindo), João andava para todos os lados, embora com um pouco de dificuldades, mas andava. O problema dele era a cegueira, sim, ele nasceu cego!
-Cego vô?
-Sim, nunca viu nem o próprio rosto! No entanto enxergava como ninguém a alma humana.
-É vô, deu para perceber isso mesmo, ele procurava “ver” a vida sempre pelo lado positivo, já a irmã...
-É meu neto, a Maria falava que se sentia cega quando o irmão estava do lado dela, porque ele “enxergava” nas situações cotidianas, alguns detalhes que ela não conseguia visualizar. – Bem, meu querido neto, por hoje é isso, essa estória acaba por aqui, mas de onde ela veio, tem mais viu!
-Obrigado vô! Outro dia volto aqui para escutar outra hein!

FIM – Isaías Gresmés 13/02/2010 – *Conto inspirado no soneto “NADA VEJO”, de Josafá Maia


Nada vejo

A minha volta nada vejo de tristeza,
Não vejo a boca a mendigar migalhas,
Não vejo a podridão do vil canalha,
Não vejo d’alma negra a impureza.

Não vejo a maldade que se espalha,
Não vejo as crianças indefesas,
Não vejo do bandido a pobre presa,
Não vejo o pobre a carregar cangalha.

Não vejo a densa nuvem de fumaça
Que sobe da maconha em plena praça.
Não vejo nada, mas tampouco nego.

Pois Deus, em sua bondade infinita
Livrou-me dessa infame vista aflita,
Não vejo esse mundo. Eu nasci cego!


Josafá Maia da Costa

sábado, 30 de janeiro de 2010

FOI SEMPRE ASSIM

FOI SEMPRE ASSIM

Foi sempre assim
Após vários xingamentos
Arranhávamos-nos mutuamente
Tal qual briga de gatos
E, depois, extasiados, dormíamos, um em cima do outro

Foi sempre assim
Assim sempre foi até esta fatídica data
Esta data que da minha cabeça não sai

+ 30/01/2010

“A mais bela flor partiu daqui para desabrochar no céu”

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA

QUANDO AS LÁGRIMAS CESSAM

QUANDO ACABAM AS LÁGRIMAS

As lagrimas acabam
Quando percorrem todos os canais da alma
Levando deles, todo sofrimento

Ai as lágrimas cessam

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA

DE OLHO NO INSTANTE

É difícil olhar no instante
Pois ele não para nenhum instante

Mas sou ser humano teimoso
E tento prendê-lo aqui
No instante em que percorro, com um olhar, estes versos

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA 30/01/2010

DAS VEZES QUE NÃO TE VI

DAS VEZES QUE NÃO TE VI

Das vezes que não te vi,
Não lembro.
Pois nestas vezes,
Minha insanidade materializava você na minha frente.

E hoje, mais doido do que nunca,
Descobri que, das vezes que não te vi,
Foi quando te vi realmente...

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA 30/01/2010

VENTO NO ROSTO

Foi como um vento
o nosso último encontro

Ela desdisse todo o amor que sentia por mim
e saiu para ventar em outro lugar
Nem viu meu olhar inundado

Foi como um vento

E eu, sozinho
me virei para o alto
e pedi forças ao senhor do firmamento

Ela se foi
Como um vento
um vento no meu rosto
um rosto que nunca desdisse o amor que sentia por ela

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

NO OLHAR PROFUNDO DA ALMA

NO OLHAR PROFUNDO DA ALMA

A alma não enxerga com olhos de átomos,
Tampouco se ofusca com focos de luz.
A alma esquadrinha e segue adiante,
Pois não tem amarras e, a si, se conduz.

Não queira enxergá-la com olhos de átomos,
Que enxergam somente as cores da luz:
A alma é essência e, se observada,
Só mostra sua face a quem tiver jus.

Mas ela se mostra aos olhos de átomos
Que só sabem ver as cores da luz:
Pois vive ligada a um corpo que arrasta
Mais uma existência – verdadeira cruz...

Sim, ela se mostra aos olhos de átomos,
Que para enxergar depende da luz;
Mostra-se em palavras, em tramas, artimanhas;
É assim que sua face, aos olhos, reluz.

Isaías Gresmés 29/01/2010

O DIA EM QUE A TERRA PAROU*

O DIA EM QUE A TERRA PAROU*

Vou dar um chute na razão
E me entregar à insensatez,
Pois o tema em questão
Não me permite lucidez.

Afirmar que a Terra parou
Soa como maluquice.
Mas, afirmando estou:
Creia na minha sandice!

Houve um dia em que a Terra,
Por um momento, parou.
E, neste dia, uma Nova Era,
Em meio à dor, se inaugurou.

A Era acima citada,
Nasceu com a morte de Jesus
Que, vítima de uma cilada,
Sofreu e morreu na cruz.

Sim, a Terra, naquele dia.
De girar, parou um momento.
E chorou junto com Maria,
Num Réquiem de sofrimento.

Parecia até que o mal,
Sobre o bem iria triunfar!
Mas Jesus, fenomenal,
Venceu a morte para nos salvar!

A Terra então parou,
Parou para agradecer
A Deus, que nos enviou
O Amor, para entre nós, viver.

Isaías Gresmés 29/01/2010 *(Relembrando Raul Seixas)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EU CREIO NA ETERNIDADE

EU CREIO NA ETERNIDADE


Eu creio na eternidade,
Porque ela é a estrada
Que nos conduz à felicidade.

É estrada que nos leva ao Pai,
E vai sendo pavimentada
Por quem, nela, andando vai.

A argamassa principal que fixa seu pavimento

É a divina caridade feita com desprendimento.

ISAÍAS GRESMÉS 27/01/2010

ESSE MEU SOM DO MATO

ESSE MEU SOM DO MATO

Acordo com som de grilo
No seio do meu sertão,
E da minha janelinha,
Escuto a brisa fresquinha,
Sussurrar na plantação.

Sorrindo ouço a canção
Da Maria pilando café.
Transbordando de alegria,
Agradeço à Mãe Maria,
Nossa Mãe de Nazaré!

Com o dia já raiando,
Vislumbro o meu caminho.
Sigo rumo ao meu roçado,
E escuto emocionado,
Um coral de passarinhos...

Com eles vou no meu rumo,
Assobiando contente.
E entoo, em pensamento,
Uma prece de agradecimento,
Ao Deus Onipotente.

Isaías Gresmés 27/01/2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

TODOS OS VENTOS

TODOS OS VENTOS

Todos os ventos fazem curva na esquina,
E para trás ficam suas marcas de destruição...

Assim fez ela,
A pior ventania da minha vida!
Assoprou, com seus dedos, as minhas mãos frias,
Depois atormentou meus cabelos com violência...
Com poder de sucção prendeu meus lábios,
E com força explosiva me arremessou ao chão...
Entre uivos,
Entre gritos,
Deste mundo me ausentei.

Mas, como um furacão violento, levantou e se foi...
Eu, agora, não tenho mais medo nem de viver!
Porque acho que morri nos braços daquela mulher...

Ou seria ventania?

Isaías Gresmés 23/01/2010

PALAVRAS AO VENTO

PALAVRAS AO VENTO

Palavras ao vento
São folhas já mortas,
Voando ao relento;
No tempo se perdem,
Mas deixam sequelas...

Palavras ao vento
São tristes tormentos
De almas doentes,
Que soltam entre os dentes,
Seus tristes lamentos.

Mas estes se perdem
Na linha implacável
Do espaço-tempo.
Palavras ao vento
São vis pensamentos,
Que nascem natimortos,
No solo da mente.
Quem os parir
Tê-los-á que assistir
Sem poder ser ausente.

Isaías Gresmés 23/01/2010

PAIXÃO INCENDIÁRIA (UMA CANÇÃO PRÁ OCÊ MINHA NEGA VI

PAIXÃO INCENDIÁRIA* (UMA CANÇÃO PRÁ OCÊ MINHA NEGA VI)

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje qu’essa palhoça
Vai virá uma foguêra
Nosso amô, oh minha nega
É que nem uma coivara
Cum as sua labaredas

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje que eu pego ocê
É ti mordo por intêra

Vem amo, pro seu carvão
Pra mor de me acendê
E adespois di eu aceso
Intonc’eu acendo ocê

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje que essa palhoça
Vai virá uma foguêra

Eu daqui dessa palhoça
Vou mandá um vagalume
Para alumiá ocê
Como eu faço di custume

Eu sei que quando ocê chegá
O vento vai me falá
Por meio do seu prefume

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje que eu pego ocê
É ti amo por intêra
Nóis dois seremo só uma
Só uma imensa foguêra

ISAÍAS GRESMÉS 23/01/2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DEGRADAÇÃO

DEGRADAÇÃO

Meus olhos veem a degradação,
Obra maldita da humanidade,
Que é companheira da calamidade
E juntas promovem a destruição.

Num solo onde só brotava a vida,
Hoje restam tocos e cinzas somente.
E pensar que isso é coisa de gente,
Deixa minha alma bem mais combalida.

A semente hoje é concreto armado,
Que nasce e cresce em solo adverso;
Um câncer que se disfarça de progresso,
Num céu bem sujo, gris, acinzentado...

Não pode ser cego, o progresso, ao futuro.
E nem ceifar vidas aqui no presente.
Lutemos, com garra, em prol de inocentes
Que - à verdade - ainda estão no escuro.

Meus olhos veem a degradação,
Mas meu coração ainda tem esperança:
Pois enquanto houver neste solo crianças,
Haverá também fé em meu coração!

Isaías Gresmés 19/01/2010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O VALOR DE UM SORRISO

O VALOR DE UM SORRISO

O valor de um sorriso
Não se calcula com moeda,
Tampouco fita métrica,
E nem com complexa equação.
O valor de um sorriso,
Está em outro sorriso,
Dado em retribuição...

Isaías Gresmés 18/01/2009

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A rua da minha infância

A RUA DA MINHA INFÂNCIA

Agora que alguns anos me deixaram menos menino e mais homem, parei para sentir saudades da rua da minha infância, saudades de um tempo em que o tempo era também menino, e eu não precisava fazer economias, barganhar descontos, me preocupar com o mundo...
Minha rua querida era de terra batida, com um buraco para cada morador. Quando chovia o caminhão de gás não passava por ela. Quem precisasse de um botijão tinha que se dirigir até a venda do Seu Geraldo. Eu, da minha parte, não me incomodava, uma vez que na minha casa não havia fogão a gás; minha mãe cozinhava num fogareiro à lenha... Mas, voltemos para os dias chuvosos: eu os adorava!
-Ei, Chimango, vamos brincar na rua! - Vamos fazer uma lagoinha! - Vem logo meu!
-Tô indo! - Chama o Zezinho!
E ali permanecíamos brincando no barro, jogando lama e sapos uns nos outros, até aparecer uma mãe com uma vara nas mãos... Ai era um Deus nos acudam! Cada um saía correndo para sua casa, sujo até nas pontas dos cabelos.
Um dia teve uma festa de aniversário na casa do Gil, filho da Dona Chica. Era já quase noite e algumas horas antes havia chovido. A rua estava cheia de poças d’água e para onde se olhava só se via os pequenos anfíbios pulando de um lado para outro. O céu começava a se pintar de brilhantes e o chão da minha rua, de repente, ficou toda iluminada de pequenos pontos verdes: eram nossos amigos vagalumes!
- E ai caras, vamos ou não vamos no aniversário do Gil?
-Mas a gente nem foi convidado Creonte! - Você sabe que a Dona Chica não gosta da gente meu!
-Ah, mas vamos assim mesmo, procurei incentivar a galera.
-Então vamos! Você vai na frente.
E lá fui eu... sujo de lama até o focinho! O resto da cambada mais parecia um bando de pequenos leitões. Dona Chica, quando nos viu, soltou um grito:
- Fora daqui seus porcos! - Somem daqui ou eu vou chamar os seus pais!
Nós saímos correndo, mas eu não me conformei com aquela desfeita da Dona Chica e resolvi aprontar com ela. Chamei meus amigos e detalhei o meu plano...
Vinte minutos depois nós carregávamos um saco cheio de sapos. Dirigimo-nos então, até os fundos da casa daquela mulher chata e, vupt! Lá se foi o saco recheado de sapos, que caiu do céu estrelado diretamente no meio da festa! Foi um pandemônio!
- Ai meu Deus! - Socorro! - Quem foi o maldito que fez isso?!
Corremos muito. Bem longe dali a gente “rachava o bico” de tanto gargalhar.
- Vocês escutaram? A Dona Chica vai passar a noite catando sapo!

Não foi bem isso o que aconteceu. O traíra do Chimango, dando uma de bom moço, se ofereceu para retirar os sapos do recinto. Como recompensa ganhou bolo e pode ficar na festa... Eu ganhei uma boa surra de vara. Meus demais colegas também.
No outro dia quem ganhou uma surra foi o Chimango... Mas depois nós o perdoamos e fomos brincar de bolinha de gude na nossa querida rua, a rua da nossa infância.

FIM – ISAÍAS GRESMÉS – 06/01/2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

No portal do tempo

NO PORTAL DO TEMPO

No portal do tempo
Terás que um dia passar.
E não há nenhum atalho,
Nem ajuda, nem quebra-galho:
Nele, um dia tu vais chegar!

Cada ser vivente
Há de envelhecer.
E viajar rumo ao seu poente
Para assim deixar de ser...

Assim é o mundo,
O mundo material:
Não retrocede nenhum segundo
O tempo do seu portal.

O tempo é o futuro que está à frente.
Acredites, pois, na vida futura,
Não encare a velhice com amargura:
Sejas feliz! Sejas crente!

Isaías Gresmés

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

FIM DE JOGO?

FIM DE JOGO?

É o fim da partida
Para quem perdeu tempo
E junto com ele, a vida

É hora de pendurar a chuteira
Para quem ficou inerte
Durante a vida inteira

Para o corpo que se arrasta, isso representa o fim

Mas para a alma que se liberta, a vida diz: sim


Isaías Gresmés 4/01/2010