sábado, 30 de janeiro de 2010

FOI SEMPRE ASSIM

FOI SEMPRE ASSIM

Foi sempre assim
Após vários xingamentos
Arranhávamos-nos mutuamente
Tal qual briga de gatos
E, depois, extasiados, dormíamos, um em cima do outro

Foi sempre assim
Assim sempre foi até esta fatídica data
Esta data que da minha cabeça não sai

+ 30/01/2010

“A mais bela flor partiu daqui para desabrochar no céu”

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA

QUANDO AS LÁGRIMAS CESSAM

QUANDO ACABAM AS LÁGRIMAS

As lagrimas acabam
Quando percorrem todos os canais da alma
Levando deles, todo sofrimento

Ai as lágrimas cessam

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA

DE OLHO NO INSTANTE

É difícil olhar no instante
Pois ele não para nenhum instante

Mas sou ser humano teimoso
E tento prendê-lo aqui
No instante em que percorro, com um olhar, estes versos

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA 30/01/2010

DAS VEZES QUE NÃO TE VI

DAS VEZES QUE NÃO TE VI

Das vezes que não te vi,
Não lembro.
Pois nestas vezes,
Minha insanidade materializava você na minha frente.

E hoje, mais doido do que nunca,
Descobri que, das vezes que não te vi,
Foi quando te vi realmente...

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA 30/01/2010

VENTO NO ROSTO

Foi como um vento
o nosso último encontro

Ela desdisse todo o amor que sentia por mim
e saiu para ventar em outro lugar
Nem viu meu olhar inundado

Foi como um vento

E eu, sozinho
me virei para o alto
e pedi forças ao senhor do firmamento

Ela se foi
Como um vento
um vento no meu rosto
um rosto que nunca desdisse o amor que sentia por ela

ISAÍAS RODRIGUES DE OLIVEIRA

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

NO OLHAR PROFUNDO DA ALMA

NO OLHAR PROFUNDO DA ALMA

A alma não enxerga com olhos de átomos,
Tampouco se ofusca com focos de luz.
A alma esquadrinha e segue adiante,
Pois não tem amarras e, a si, se conduz.

Não queira enxergá-la com olhos de átomos,
Que enxergam somente as cores da luz:
A alma é essência e, se observada,
Só mostra sua face a quem tiver jus.

Mas ela se mostra aos olhos de átomos
Que só sabem ver as cores da luz:
Pois vive ligada a um corpo que arrasta
Mais uma existência – verdadeira cruz...

Sim, ela se mostra aos olhos de átomos,
Que para enxergar depende da luz;
Mostra-se em palavras, em tramas, artimanhas;
É assim que sua face, aos olhos, reluz.

Isaías Gresmés 29/01/2010

O DIA EM QUE A TERRA PAROU*

O DIA EM QUE A TERRA PAROU*

Vou dar um chute na razão
E me entregar à insensatez,
Pois o tema em questão
Não me permite lucidez.

Afirmar que a Terra parou
Soa como maluquice.
Mas, afirmando estou:
Creia na minha sandice!

Houve um dia em que a Terra,
Por um momento, parou.
E, neste dia, uma Nova Era,
Em meio à dor, se inaugurou.

A Era acima citada,
Nasceu com a morte de Jesus
Que, vítima de uma cilada,
Sofreu e morreu na cruz.

Sim, a Terra, naquele dia.
De girar, parou um momento.
E chorou junto com Maria,
Num Réquiem de sofrimento.

Parecia até que o mal,
Sobre o bem iria triunfar!
Mas Jesus, fenomenal,
Venceu a morte para nos salvar!

A Terra então parou,
Parou para agradecer
A Deus, que nos enviou
O Amor, para entre nós, viver.

Isaías Gresmés 29/01/2010 *(Relembrando Raul Seixas)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EU CREIO NA ETERNIDADE

EU CREIO NA ETERNIDADE


Eu creio na eternidade,
Porque ela é a estrada
Que nos conduz à felicidade.

É estrada que nos leva ao Pai,
E vai sendo pavimentada
Por quem, nela, andando vai.

A argamassa principal que fixa seu pavimento

É a divina caridade feita com desprendimento.

ISAÍAS GRESMÉS 27/01/2010

ESSE MEU SOM DO MATO

ESSE MEU SOM DO MATO

Acordo com som de grilo
No seio do meu sertão,
E da minha janelinha,
Escuto a brisa fresquinha,
Sussurrar na plantação.

Sorrindo ouço a canção
Da Maria pilando café.
Transbordando de alegria,
Agradeço à Mãe Maria,
Nossa Mãe de Nazaré!

Com o dia já raiando,
Vislumbro o meu caminho.
Sigo rumo ao meu roçado,
E escuto emocionado,
Um coral de passarinhos...

Com eles vou no meu rumo,
Assobiando contente.
E entoo, em pensamento,
Uma prece de agradecimento,
Ao Deus Onipotente.

Isaías Gresmés 27/01/2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

TODOS OS VENTOS

TODOS OS VENTOS

Todos os ventos fazem curva na esquina,
E para trás ficam suas marcas de destruição...

Assim fez ela,
A pior ventania da minha vida!
Assoprou, com seus dedos, as minhas mãos frias,
Depois atormentou meus cabelos com violência...
Com poder de sucção prendeu meus lábios,
E com força explosiva me arremessou ao chão...
Entre uivos,
Entre gritos,
Deste mundo me ausentei.

Mas, como um furacão violento, levantou e se foi...
Eu, agora, não tenho mais medo nem de viver!
Porque acho que morri nos braços daquela mulher...

Ou seria ventania?

Isaías Gresmés 23/01/2010

PALAVRAS AO VENTO

PALAVRAS AO VENTO

Palavras ao vento
São folhas já mortas,
Voando ao relento;
No tempo se perdem,
Mas deixam sequelas...

Palavras ao vento
São tristes tormentos
De almas doentes,
Que soltam entre os dentes,
Seus tristes lamentos.

Mas estes se perdem
Na linha implacável
Do espaço-tempo.
Palavras ao vento
São vis pensamentos,
Que nascem natimortos,
No solo da mente.
Quem os parir
Tê-los-á que assistir
Sem poder ser ausente.

Isaías Gresmés 23/01/2010

PAIXÃO INCENDIÁRIA (UMA CANÇÃO PRÁ OCÊ MINHA NEGA VI

PAIXÃO INCENDIÁRIA* (UMA CANÇÃO PRÁ OCÊ MINHA NEGA VI)

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje qu’essa palhoça
Vai virá uma foguêra
Nosso amô, oh minha nega
É que nem uma coivara
Cum as sua labaredas

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje que eu pego ocê
É ti mordo por intêra

Vem amo, pro seu carvão
Pra mor de me acendê
E adespois di eu aceso
Intonc’eu acendo ocê

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje que essa palhoça
Vai virá uma foguêra

Eu daqui dessa palhoça
Vou mandá um vagalume
Para alumiá ocê
Como eu faço di custume

Eu sei que quando ocê chegá
O vento vai me falá
Por meio do seu prefume

Eta nóis
Eta lasquera
É hoje que eu pego ocê
É ti amo por intêra
Nóis dois seremo só uma
Só uma imensa foguêra

ISAÍAS GRESMÉS 23/01/2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DEGRADAÇÃO

DEGRADAÇÃO

Meus olhos veem a degradação,
Obra maldita da humanidade,
Que é companheira da calamidade
E juntas promovem a destruição.

Num solo onde só brotava a vida,
Hoje restam tocos e cinzas somente.
E pensar que isso é coisa de gente,
Deixa minha alma bem mais combalida.

A semente hoje é concreto armado,
Que nasce e cresce em solo adverso;
Um câncer que se disfarça de progresso,
Num céu bem sujo, gris, acinzentado...

Não pode ser cego, o progresso, ao futuro.
E nem ceifar vidas aqui no presente.
Lutemos, com garra, em prol de inocentes
Que - à verdade - ainda estão no escuro.

Meus olhos veem a degradação,
Mas meu coração ainda tem esperança:
Pois enquanto houver neste solo crianças,
Haverá também fé em meu coração!

Isaías Gresmés 19/01/2010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O VALOR DE UM SORRISO

O VALOR DE UM SORRISO

O valor de um sorriso
Não se calcula com moeda,
Tampouco fita métrica,
E nem com complexa equação.
O valor de um sorriso,
Está em outro sorriso,
Dado em retribuição...

Isaías Gresmés 18/01/2009

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A rua da minha infância

A RUA DA MINHA INFÂNCIA

Agora que alguns anos me deixaram menos menino e mais homem, parei para sentir saudades da rua da minha infância, saudades de um tempo em que o tempo era também menino, e eu não precisava fazer economias, barganhar descontos, me preocupar com o mundo...
Minha rua querida era de terra batida, com um buraco para cada morador. Quando chovia o caminhão de gás não passava por ela. Quem precisasse de um botijão tinha que se dirigir até a venda do Seu Geraldo. Eu, da minha parte, não me incomodava, uma vez que na minha casa não havia fogão a gás; minha mãe cozinhava num fogareiro à lenha... Mas, voltemos para os dias chuvosos: eu os adorava!
-Ei, Chimango, vamos brincar na rua! - Vamos fazer uma lagoinha! - Vem logo meu!
-Tô indo! - Chama o Zezinho!
E ali permanecíamos brincando no barro, jogando lama e sapos uns nos outros, até aparecer uma mãe com uma vara nas mãos... Ai era um Deus nos acudam! Cada um saía correndo para sua casa, sujo até nas pontas dos cabelos.
Um dia teve uma festa de aniversário na casa do Gil, filho da Dona Chica. Era já quase noite e algumas horas antes havia chovido. A rua estava cheia de poças d’água e para onde se olhava só se via os pequenos anfíbios pulando de um lado para outro. O céu começava a se pintar de brilhantes e o chão da minha rua, de repente, ficou toda iluminada de pequenos pontos verdes: eram nossos amigos vagalumes!
- E ai caras, vamos ou não vamos no aniversário do Gil?
-Mas a gente nem foi convidado Creonte! - Você sabe que a Dona Chica não gosta da gente meu!
-Ah, mas vamos assim mesmo, procurei incentivar a galera.
-Então vamos! Você vai na frente.
E lá fui eu... sujo de lama até o focinho! O resto da cambada mais parecia um bando de pequenos leitões. Dona Chica, quando nos viu, soltou um grito:
- Fora daqui seus porcos! - Somem daqui ou eu vou chamar os seus pais!
Nós saímos correndo, mas eu não me conformei com aquela desfeita da Dona Chica e resolvi aprontar com ela. Chamei meus amigos e detalhei o meu plano...
Vinte minutos depois nós carregávamos um saco cheio de sapos. Dirigimo-nos então, até os fundos da casa daquela mulher chata e, vupt! Lá se foi o saco recheado de sapos, que caiu do céu estrelado diretamente no meio da festa! Foi um pandemônio!
- Ai meu Deus! - Socorro! - Quem foi o maldito que fez isso?!
Corremos muito. Bem longe dali a gente “rachava o bico” de tanto gargalhar.
- Vocês escutaram? A Dona Chica vai passar a noite catando sapo!

Não foi bem isso o que aconteceu. O traíra do Chimango, dando uma de bom moço, se ofereceu para retirar os sapos do recinto. Como recompensa ganhou bolo e pode ficar na festa... Eu ganhei uma boa surra de vara. Meus demais colegas também.
No outro dia quem ganhou uma surra foi o Chimango... Mas depois nós o perdoamos e fomos brincar de bolinha de gude na nossa querida rua, a rua da nossa infância.

FIM – ISAÍAS GRESMÉS – 06/01/2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

No portal do tempo

NO PORTAL DO TEMPO

No portal do tempo
Terás que um dia passar.
E não há nenhum atalho,
Nem ajuda, nem quebra-galho:
Nele, um dia tu vais chegar!

Cada ser vivente
Há de envelhecer.
E viajar rumo ao seu poente
Para assim deixar de ser...

Assim é o mundo,
O mundo material:
Não retrocede nenhum segundo
O tempo do seu portal.

O tempo é o futuro que está à frente.
Acredites, pois, na vida futura,
Não encare a velhice com amargura:
Sejas feliz! Sejas crente!

Isaías Gresmés

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

FIM DE JOGO?

FIM DE JOGO?

É o fim da partida
Para quem perdeu tempo
E junto com ele, a vida

É hora de pendurar a chuteira
Para quem ficou inerte
Durante a vida inteira

Para o corpo que se arrasta, isso representa o fim

Mas para a alma que se liberta, a vida diz: sim


Isaías Gresmés 4/01/2010