segunda-feira, 27 de julho de 2009

CRACK (CORDEL)

CRACK


Caro amigo leitor
Esse assunto aqui exposto
Pode causar-lhe espanto
E modificar seu rosto
Mas falar dele é preciso
E aqui o deixo posto

O assunto é o crack
Uma droga infernal
Que, sob a forma de pedra
Sintetiza todo o mal
Quem o fuma se fuma
E some em seu fumaçal

É uma droga derivada
Da terrível cocaína
Misturada a porcarias
Torna-se mais assassina
Pois mata seus usuários
De forma bem repentina

Ao tragá-la, o indivíduo
Joga o seu mal na mente
Os seus olhos se dilatam
E euforia ele sente
O infeliz, já morto-vivo
Se sente bem mais potente

Mas a tal da alegria
Bem logo desaparece
Sua mente pede mais
Seu corpo se estremece
O coração acelera
E a depressão se estabelece

Vendedor de crack é
Geralmente usuário
E pra sustentar o vício
Aceita a “pedra” por salário
O seu chefe é um câncer
Um maldito salafrário





Nessa triste profissão
Prevalece a crueldade
Pois o indivíduo novo
Deixa a vida na metade
No seu lugar entra outro
Até em menor idade

E assim, outro infeliz
Dá dinheiro ao traficante
Um sujeito perigoso
Que possui mente brilhante
Mas trabalha só pro mal
A toda hora e todo instante

O relato que se segue
É o retrato dos drogados
Que, não tendo onde ficar
Permanecem amontoados
Em um terreno baldio
Totalmente desprezados

II


Num terreno abandonado
Em meio às ratazanas
Ali “vivem” almas profanas
Herdando triste legado
Mortos-vivos sem passado
Que, não tendo onde morar
Põem-se a perambular
Em triste e funérea dança
E já não tendo esperanças
Esperam a morte chegar

É o caso de Ermitão
Que já fora bom rapaz
Mas agora não é mais
Transformou-se em ladrão
Mais um soldado do cão
Que já fez até matar
E para o vício sustentar
Não poupa nem as velhinhas
Roubando as coitadinhas
Espera a morte chegar




Bagaceira é seu parceiro
Em nefasta empreitada
Já foi homem boa praça
Hoje é mau e traiçoeiro
Que “vive” a roubar dinheiro
Para o crack comprar
Na ânsia de abrandar
Seu destino equivocado
Agora, já condenado
Espera a morte chegar


Também “vive” lá Filó
Que já fora tão charmosa
Hoje anda mal-cheirosa
Com aspecto de dar dó
Só pensa em pedra e pó
Há muito esquecera o lar
A AIDS quer lhe matar
Mas o Cancro quer também
E, não tendo mais ninguém
Espera a morte chegar

Lá também apareceu
Um rapaz muito elegante
Inteligente e falante
Mas, bem logo, se perdeu
Sua aura enegreceu
E ele pôs-se a roubar
Primeiro seu próprio lar
Depois, até carro-forte
Ali encontrou com a morte
Naquele triste lugar

Mas, por lá permaneceu
E, naquele mesmo local
Continuou fazendo mal
Mesmo depois que morreu
Ao mal, sua alma deu
Para, assim, vampirizar
Os moribundos do lugar
Com sua má influência
E jamais dava clemência
A quem ousasse ali pisar





Zeloco – outrora feliz
Agora – muito cruel
Virou rei do beléu
Aquele mundo infeliz
Onde o mal fincou raiz
Para as vidas sufocar
E com isso arrasar
O peito de mãe e pai
Que vê que o filho vai
Com a morte se encontrar


III

O crack é realidade
E se encontra entre nós
Portanto fique atento
Com este terrível algoz
Ou os seus assistidos
Podem ter destino atroz

É nosso dever maior
Zelar pelo nosso lar
Portanto a educação
Jamais poderá faltar
E sobre o terrível crack
Devemos, então, falar

Mas deixo aqui bem claro
Que o álcool, que é legal
É, sem dúvida nenhuma
Precursor de todo mal
Jamais o menospreze
Respeitá-lo é crucial

Não existe droga boa
Sendo lícita ou não
São venenos de maldade
Em conluio com o cão
Cuidado, muito cuidado
Não caia nessa irmão

Meu intuito está cumprido
Com o meu trabalho exposto
A leitura foi pesada
Enrugou até seu rosto
Mas amigo, foi preciso
Por isso aqui deixei posto


FIM – Isaías Gresmés 25/07/2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

CRACK

CRACK


Num terreno baldio, esquecido até pelo proprietário, concentra-se entre os montes de lixos de toda natureza, uma parcela, apenas mais uma parcela da sociedade. A parcela dos esquecidos, dos mortos-vivos, dos viciados em crack e outras drogas.

Em um ambiente horrível
Empesteado de sujeira
“Vivem” vários infelizes
Em meio às varejeiras
Muito mais mortos que vivos
Menos carne, mais caveiras

Ermitão é um deles. Negão, cabelos rastafári, ensebado pelo limo de vários anos sem ver limpeza; magro, verdadeira caveira ambulante. Não se sabe se em suas veias ainda corre sangue ou se apenas as malditas drogas. Chegou ao terreno à questão de um ano. Além dele, contam-se uns dez infelizes por lá.

Ermitão combina com Bagaceira uma ação:

É o seguinte Bagaceira
Vamos sair pra roubar
Pois eu já estou a fim
De uma pedra fumar
Já estou todo tremendo
Tenho medo de apagar

Bagaceira

É nóis Ermitão
Eu também estou a perigo
Vamos nessa sangue bom

E os dois saem para caçada de alguma vítima. Eles sabem que não pode ser qualquer um. Eles não têm força o suficiente para dominar um homem forte, por isso a vítima tem que ser, preferencialmente, uma mulher; uma velha seria o ideal.
Os dois são seguidos de perto por várias criaturas as quais eles não podem ver. Estas criaturas têm como líder alguém que atende pelo apelido de Zeloco. É ele quem sugere ao Ermitão que ataque uma senhora que passa pela calçada. Ermitão diz em pensamento “É essa!”

Ermitão

Olha a véia aí cumpadi
Se liga Bagaceira
Dá um capote na véia
E vê se não marca bobeira
Arranca a bolsa dela logo
Pra tirar a sua carteira

Bagaceira

Passa a bolsa tia
E não grita não
Senão te mato, sua vadia

Roubo executado, os dois correm para o terreno baldio. São seguidos de perto por Zeloco e sua turma. Ambos não percebem, evidentemente. Em um canto do terreno, ao lado de uma enorme pedra, “trabalha” Veneno. Veneno já está no posto a mais de um ano. Sujeito alto, forte e muito cruel. Desde quando viu a mãe morrer de overdose de crack, prometera a si próprio que jamais voltaria a usar “essa porra!”, como sempre pensava.


Ermitão

E aí, irmão Veneno
Conseguimos um celular
Em troca dele queremos
Uma pedra pra fumar
Pode ser, ó meu cumpadi
Com isso dá prá pagar?

Veneno

Não quero porra de celular
Aqui só dinheiro, vacilão
Mas, prá não dizer que sou ruim
Vou abrir uma exceção
Mas amanhã, nesta mesma hora
Quero dinheiro na minha mão

Bagaceira

Valeu Veneno sangue bom
É nóis mano
Amanha nóis paga irmão

Ermitão sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha, mas a “fissura” de fumar a pedra falou mais alto. Do seu lado, Zeloco e os demais já estavam com os olhos esbugalhados de ansiedade.
Pedras na mão... cachimbo de antena de carro e garrafa pet... Ambos viajam para o paraíso... mas, decorridos alguns segundos, eles retornam ao inferno, ou pior, para o terreno baldio. Zeloco e os demais, ainda extasiados pelo efeito alucinógeno da droga, encostam num barranco.

Zeloco sabe que aqueles dois infelizes não aguentarão por muito mais tempo aquela rotina de consumo cavalar dos entorpecentes. Sendo assim, ele já está concentrando todos os seus esforços em persuadir Veneno, pois ele é novo e cheio de saúde; “Aguenta algum tempo antes de morrer...”, arquitetava em pensamento.


PARTE II

Outro dia, outro assalto. Ermitão e Bagaceira aborda dessa vez um jovem estudante. O menino acabara de sair da escola particular e se dirigia para o carro do pai, um policial da Rota que, naquele dia estava de folga, por isso aproveitou para levar e buscar o filho na escola. Levou um grande susto quando viu aqueles dois sujeitos imundos tentando tomar a bolsa com o notebook do seu filho. Sacou sua Magnum 44 e saiu correndo em direção aos três.

Policial:

“Os dois! deitem no chão!”

“Vai para o carro meu filho; toma, pegue meu celular e liga lá pro quartel!”

Assim que o menino chegou ao carro, fez o que o pai havia lhe pedido. Logo depois ouviu seis tiros seguidos. Quis voltar, mas foi contido pelo pai que chegou correndo ao carro.

Policial:

“Os desgraçados reagiram...”


Parte III

Zeloco

Vocês morreram e não foram para o céu
Aqui é o que se chama de beleléu

E aqui, quem manda, sou eu, Zeloco
E aqui todos sabem que louco para mim é pouco

Sou coisa ruim, emissário do capeta
Não vacilem comigo não, por que senão é treta, muita treta...

Ermitão e Bagaceira foram “convencidos” a fazer parte do bando do Zeloco.

Parte IV

Todos eles seguiram em direção à pedra onde descansava Veneno. Logo Veneno se viu envolvido por pensamentos estranhos. Sentia uma angústia muito grande. De repente era como se sua mãe estivesse ali, ao seu lado, oferecendo-lhe uma pedra. “Não!” Berrou ele, mas agora era verdade, ela estava ali, bem ao seu lado, fumando uma pedra. Ele podia ver as suas veias dilatadas e seus olhos esbugalhados num vermelho sangue a fitá-lo com ódio. Sua cabeça começou a girar e ele foi saindo de si. De repente ele percebe que não está ali somente com a sua mãe, mas sim rodeado por uma multidão de infelizes, dentre os quais, Ermitão e Bagaceira. “Mas vocês não estão mortos, seus infelizes?!”
Saiu gritando, pulou o muro e não percebeu o enorme caminhão que vinha em alta velocidade. Seu corpo foi arremessado contra o muro. Ao lado, caído, estava um cachimbo improvisado com o qual ele havia consumido algumas pedras de crack.

Mais um para o bando do Zeloco.

Fim – Isaías Gresmés

sábado, 18 de julho de 2009

Nem sempre brotam flores

NEM SEMPRE BROTAM FLORES...

Nem sempre brotam flores
No solo da minha alma;
Às vezes, por falha minha,
Nascem ervas daninhas,
Que me causam dores.

Nem sempre brotam flores
Das minhas ações;
Às vezes não acerto a mão
E elas causam, então,
Rusgas várias e dissabores.

Nem sempre brotam flores
No substrato dos meus versos.
Desta forma saem magoados,
Com semblantes carregados,
Impregnados de rancores.

Nem sempre brotam flores...
Mas quando elas brotam em mim,
Eu desvendo o universo
Com a singeleza dos meus versos
E sintetizo, neles, meus amores!

Isaías Gresmés 18/07/2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

FALSIDADE

FALSIDADE

Existe um monstro muito perigoso,
Que nos ilude com sua “amizade”,
Para, depois, em gesto horroroso,
Mostrar a sua face de verdade.

O seu perfil é muito variado,
Pois tem intuito só de enganar.
Às vezes passa por simples coitado,
Pouco importando se vai magoar...

Vi famílias serem vitimadas,
Por essas criaturas mal amadas,
Que só cultivam a iniquidade.

E, por lerdeza ou até inocência,
Sofreram com terríveis conseqüências,
Da força vil, chamada falsidade.

Isaías Gresmés 15/07/2009

sábado, 11 de julho de 2009

Só damos ao próximo o que abunda em nosso coração

O que damos veio da alma,
Seja bom ou seja ruim;
Seja um não ou seja um sim;
Seja bronca ou voz que acalma.

A intenção veio da essência...
E a fonte é espiritual.
Seu poder é colossal;
É desafio a qualquer ciência.

Tem nome de caridade,
Quando se iguala ao bem
Na sua totalidade.

Ou pode ser o oposto,
Quando damos a alguém
Parte do nosso desgosto.


Isaías Gresmés 11/07/2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Um breve intervalo de tempo

UM BREVE INTERVALO DE TEMPO

Alguns minutos apenas
Para levar dois corpos
Às sensações extremas

Apenas um breve instante
Para saciar a fome
De amor de dois amantes

Está lá um homem estendido na cama

E bem ao seu lado, adormece uma dama


Isaías Gresmés 10/07/2009

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Linda...

Linda flor, linda mulher

Oh linda flor, linda mulher
Meu amor em forma de perfeição
És de Deus, a mais linda obra
Em meu peito o amor transborda
Por ti, minha deusa
Se hoje a alegria em minh’alma fez morada
É porque ao meu lado tu vives
Linda flor, linda mulher
De olhos de diamantes
Teu brilho é eterno
Meu amor por ti também é
Se hoje vivo feliz
É por ti, linda flor, linda mulher

Isaías Gresmés 09/07/2009

domingo, 5 de julho de 2009

O BEM

O bem

O bem é o lado humano dos humanos.
Faz-se mostrar através da boa ação.
Somente ele nos torna soberanos,
Porque é Deus a brotar no coração.

O bem não precisa ser mensurado
Para se chegar ao devido efeito...
Se amoroso, não se faz anunciado,
Pois nasce do lado esquerdo do peito.

Ele pode eclodir de um riso amigo
Ou até num corpo bondoso e fraterno,
Que entre seus braços oferece abrigo...

Não há limites para esta virtude.
Quem o pratica fica bem mais terno...
A exigência? Apenas atitude!


Isaías Gresmés 05/07/2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O mal...





O que existe de mais cruel no mundo
Não se mostra de forma escancarada.
A face dele é sempre disfarçada,
Para não mostrar o mal d’onde é oriundo.

O mal se disfarça em forma de bem,
Com intuito somente de enganar.
Às vezes é flor que perfuma o ar;
Em outras é anjo que até diz Amém!

A sua intenção é a pior possível:
É mostrar o seu lado mais terrível,
Conhecido também como maldade;

Traço nefasto entre os seres humanos...
Que mostra-se já nos primeiros anos...
Sendo um entrave para humanidade.

Isaías Gresmés 03/07/2009