sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

EU E MEU BEBÊ




Hoje eu quero emanar o amor
Porque o amor, em mim, floresceu:
Veio precedido de muita dor,
Mas uma dor que meu amor venceu!

Hoje eu pude ninar meu amor,
Pois o seu choro - a mim - me comoveu!
Pude beijá-lo, doar meu calor
E alimentá-lo com o leite meu.

Ao Pai farei uma afirmação:
A minha vida dou em devoção
Ao pequenino que nasceu de mim...

E, todo dia farei oração,
Para que o amor seja a direção,
Que o conduza do início ao fim...

ISAIAS GRESMÉS, 27-01-2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

MALDITO SEJA O DESGOVERNO

Maldito abutre que governa a cidade:
 Queria encontrá-lo aqui na minha frente,
 Para acertar-te um pontapé bem potente,
Na sua traseira e sem piedade!

Pois quando eu vejo a desonestidade
 Que demonstras, assim descaradamente,
Eu sinto por dentro uma fúria ardente
 De dar-te um tabefe por necessidade!

 Bem sei que a raiva também é maldade,
 Mas surto em pensar na perversidade
 De quem – governar - provou que não sabe!

 Refiro-me ao estado de precariedade
 Em que se encontra a nossa cidade
 Devido ao governo do senhor Nãossab!

 ISAÍAS GRESMÉS 23/01/2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A MOTO E SEU CONDUTOR




A Jesus o grande filho
De Deus pai, nosso senhor
Peço ajuda nesta empreita
Que terá muito labor
O tema será a moto
E também seu condutor

Muito tempo faz que a moto
Fez-se pelo homem invento
Substituindo então
O simpático jumento
Virando a burra de ferro
A romper os pavimentos

Na caatinga espinhosa
O som da sua zuada
É o aboio atual
Que avisa à boiada
O momento bem exato
De bater em retirada

Na lama do pantanal
Pra tanger a bezerrada
O caboclo pantaneiro
Manda uma acelerada
Os animais se assustam
E saem na caminhada

Até nos pampas do sul
O gaúcho de bigodão
Vai buscar o seu rebanho
Acelerando no guidão
Depois da lida cumprida
Senta e toma chimarrão

No sudeste do Brasil
O motoboy é personagem
Que rasga feito um corisco
Todas as vias de rolagem
Sendo figura polêmica
Em meio à paisagem

A cidade de São Paulo
Sem eles não vive não
Mas muitos enxergam neles
Um visgo de maldição
Pois alguns são bem malucos
E vazios de educação


Nas vias de grande fluxo
Logo vem nos corredores
O enxame de motocas
Trazendo seus condutores
Para trás ficam os carros
Alguns sem retrovisores

Têm alguns mal educados
Que buzinam sem parar
Achando que isso vai
Fazer o fluxo rolar
Mas isso só contribui
Para o caos se instalar

Mas felizmente existe
O motoboy consciente
Que exerce a profissão
Que ajuda muita gente
Transportando o progresso
De forma eficiente

Na sexta-feira à noite
Com a fome iminente
Ligamos à pizzaria
E pedimos à atendente
Que mande logo uma pizza
Bem crocante e muito quente

Quem traz é o motoboy
A nossa redonda assada
Com isso a nossa fome
Bem logo é saciada
Nós pagamos, ele vai
Pra cumprir nova jornada

Se acabar o gás em casa
No preparo do feijão
É só chamar, no telefone
Que lá vem a solução
É o motogás trazendo
Na traseira o botijão

O remédio controlado
O motoboy vem entregar
Facilitando bem a vida
De quem não pode andar
É serviço essencial
Que se deve enfatizar


Enalteci os motoqueiros
Em várias atividades
Desde a lida no campo
À loucura das cidades
Mas agora abordarei
Quem usa a moto na maldade

II

É comum presenciarmos
Meninos fazendo grau
Que é empinar a moto
De forma bem radical
Isso causa euforia
E um mix de alegria
À platéia do local

Acelerando a moto
Numa via inclinada
O moleque abusado
Dá grau na envenenada
A traseira encosta o chão
Dela sai faísca então
Deixando a galera irada

Esta atividade está
Vitimando adolescentes
Que pilotam as suas motos
De forma inconsequente
E nada irá mudar
Se bem já não se adotar
Punições eficientes

III

A moto é preciosa
Se usada com rigor
A moto não é vilã
Pode ser seu condutor

A moto serve ao homem
No cumprir do seu labor
A moto não é vilã
Pode ser seu condutor

Ela não vai sozinha
Arrancar retrovisor
A moto não é vilã
Pode ser seu condutor

Tampouco peidar fumaça
Com seu ronco de motor
A moto não é vilã
Pode ser seu condutor

Ou dar grau nas nossas vias
Com jeito ameaçador
A moto não é vilã
Pode ser seu condutor

Incentivemos as pessoas
Que as usam com primor
A moto não é vilã
                                                     É parceira do condutor         

IV

O que podemos fazer
Pra mudar a realidade?
Penso eu que é preciso
Que as nossas autoridades
Se atentem ao problema
E o encare de verdade

Comprar moto hoje é fácil
O seu preço é de banana
E a carta? Mais ainda!
Basta dar a algum sacana
Aquilo que ele gosta
Que é um maço de grana!

Coibir as falcatruas
Que se dá na aquisição
Da carta do condutor
Já resolve uma questão
A outra é autuando
Quem fizer contravenção

No mais, é o respeito
De quem anda na cidade
E promover a harmonia
E a solidariedade
Ai teremos um trânsito
Livre de inimizades

ISAÍAS GRESMÉS, 18/01/2012









quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

AMOR ORIENTAL


AMOR ORIENTAL*

   Foi numa manhã ensolarada de primavera que vi Mishiko pela primeira e única vez. Naquele dia eu resolvi passear bem cedo na cidade de Embu das Artes para, finalmente conhecer todos os seus encantos. Fui motivado pela recomendação de um amigo.
   O dia estava lindo. Era primavera, as calçadas estavam lindamente cobertas pelas flores de Ipê Amarelo e foi justamente ao pé de uma dessas árvores, que eu me vi frente a frente com a criatura mais linda do universo!  Aproximei-me para iniciar um contato com ela, mas parei em seguida.
   Não sei direito quanto tempo fiquei ali apreciando a cena, mas verdade é que eu não senti o tempo passar. Ela era escultora e esculpia na ocasião um bebê que segurava uma mamadeira. Estava tão envolvida no seu trabalho que nem notou a minha presença.
   Não sei como, de repente me vi andando de mãos dadas à japonesa, numa alameda arborizada com imensos ipês. Paramos bem no meio daquela rua perfumada e sob uma orquestra de pardais e bem-te-vis nos beijamos magicamente. Um leve toque no meu ombro me fez voltar à realidade: era Mishiko se apresentando a mim. Só então pude perceber que aquela deusa de olhos puxados era muda e só se comunicava com mímicas. Pude ler o seu nome no lado esquerdo do seu avental de artista. O momento foi mágico, pois a sua deficiência na fala, não se fez empecilho para que iniciássemos ali uma conversa que varou o dia...
Nossa comunicação se desenvolveu fluidamente e, à medida que o tempo passava, ficávamos mais envolvidos...


   Um fortíssimo trovão arranca-nos dos nossos sonhos, ou melhor, de um sonho do qual nós dois já fazíamos parte... Olhei para o relógio... “Meio dia!”
   Outro trovão... Pingos... Chuva torrencial.
   Despedi-me da minha flor oriental prometendo voltar outro dia. Ela sorriu. Eu me virei em direção ao meu carro e com o coração já encharcado de saudades, parti.

   Dois dias depois, cantarolando, saí logo cedo para Embu das artes. Ao chegar estacionei o carro e corri em disparada para o encontro do meu amor. Faltando alguns metros notei um movimento estranho no lugar onde ela trabalhava: o imenso ipê amarelo estava ao chão e havia um grupo de trabalhadores recortando seus galhos imensos. Fui chegando e notei que o tronco da árvore fora partido ao meio como de fosse um graveto.
   “O que aconteceu com esta árvore?” – perguntei a um deles, não tendo coragem de perguntar primeiro sobre o paradeiro da minha deusa de olhos puxados.
   “Então você não sabe?”
   “Não”, respondi.
   “Dois dias atrás, mais ou menos na hora do almoço, a ‘Japa’ estava recolhendo o seu material de serviço, quando começou a chover. E foi ai que caiu um raio nesta árvore... ela morreu fulminada na hora!” 

   Hoje, passados vários anos do triste episódio, ainda lamento pelo ocorrido, pois se em um dia eu conheci meu verdadeiro amor, no mesmo dia o perdi. Sim, perdi! Perdi sem tê-lo concretizado, sem ao menos ter sentido o gosto dos seus lábios! Ah, como eu queria ter um filho com ela! Como seria lindo ver nossa família eternizada em uma de suas esculturas! Agora o que tenho é só a sua imagem que ficou para sempre esculpida na minha alma.

   ISAÍAS GRESMÉS 12/01/2012
  * Conto baseado na poesia “paixão oriental”, de minha autoria.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

AQUI VAI O MEU PROTESTO

Lá vem a chuva de verão 
Soltando o seu berro
 De destruição

 Aqui grita o povo
 Na desolação
 Chorando as perdas na devastação

 Lá vêm as desculpas do governo vil

 De algum pedaço do nosso Brasil 

 ISAÍAS GRESMÉS, 9/01/2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CRACOLÂNDIA


CRACOLÂNDIA

Mas uma vez volto ao tema “Cracolândia”. É um assunto deprimente, mas precisa ser abordado por todos na sociedade. Neste início de 2012, essa maldita “terra do crack” voltou a ser notícia porque o poder público municipal, resolveu fazer uma faxina no mal visto lugar. E o que se viu foi aquela triste cena de maltrapilhos arrastando-se sem direção; verdadeiros mortos-vivos formando um quadro de expressão horripilante.
A polícia fez o cerco, avançou por sobre o terreno, expulsou os ocupantes dos estabelecimentos abandonados e prendeu os poucos que ofereceram resistência. A representante da polícia afirmou que o objetivo primeiro era esse mesmo: ocupar o espaço, expulsar os viciados e prender os traficantes e que caberia ao poder público entrar com ações sociais.
Após a ocupação, a prefeitura iniciou a limpeza do local. Havia por ali uma quantidade de lixo enorme, sem contar o mau cheiro causado pelas fezes e pela urina dos ocupantes que foram retirados do local.
Uma questão ganhou destaque em meio a tudo isso, a tal da “internação compulsória”, que é uma internação à força, determinada pela justiça, sem o consentimento do dependente da droga. Alguns especialistas se posicionaram a favor, sob o argumento de que o viciado, devido à sua condição de total dependência, não possui a mínima condição de se decidir por sua causa própria, restando, segundo esses especialistas, à justiça a imposição do tratamento forçado. Outros entendidos no assunto acreditam que este não seja o caminho, pois defendem que o tratamento só é eficaz quanto o dependente químico deseja ser tratado.
Após ouvir os dois lados, e mais, depois de presenciar de perto a “vida” dessas pessoas, fico com a opinião daqueles que defendem a internação compulsória, pois acredito que aquelas pessoas, em sua quase totalidade, não conseguirão jamais livrarem-se das malfadadas fumaças dos cachimbos improvisados. O vapor maldito escraviza o cérebro, e é ele quem deveria possuir o discernimento exato para concluir que o crack, o senhor do fumacê, é algo a ser evitado a qualquer custo.
O argumento do livre arbítrio é muito bonito, politicamente correto e por isso deveria servir para resolver a esta situação, mas ele não é eficaz no caso dos viciados em crack. Essa droga vicia já na primeira baforada; o usuário passa então a ser mais um escravo que caminha para a morte, mas antes de morrer vai vender tudo que tem, vai destruir os laços de família, e se juntar a outros infelizes em igual situação.
Já existe várias “Cracolândias”, sendo que a mais famosa localiza-se nas imediações da estação da Luz, na cidade de São Paulo.
O que fazer para resolver esta triste situação? Será que basta apenas levar a polícia ao local e expulsar os usuários como fez o prefeito de São Paulo? Será que o problema maior é o lixo que essas pessoas deixaram naquele fétido local? Penso eu que não. Defendo a internação compulsória para tratar os viciados o tempo que for preciso; e também que se prendam os traficantes, punindo-os nos rigores da lei; que se limpe o local, promovendo uma revitalização e que o mesmo seja devolvido aos cidadãos de bem desta cidade.
 Para que tudo isso aconteça seria necessário muito mais que dinheiro por parte do poder público; é preciso antes de tudo, boa vontade para resolver a situação em definitivo.
O que vimos ontem foi muito mais uma faxina, no sentido real do termo, do que uma solução para o problema. O prefeito desta cidade apenas varreu os usuários para outras partes da região, ou seja, atacou o efeito e não a causa. Espero que seu sucessor tenha a coragem para resolver de forma definitiva este terrível problema, ou nós, munícipes, estaremos fadados a assistir àquelas tristes cenas dos usuários em meio ao lixo nas ruas abandonadas pelo poder público desta cidade.

ISAÍAS GRESMES, 04/01/2012