quinta-feira, 7 de maio de 2009

O avião do rico e a semente do pobre

O avião do rico e a semente do pobre

O pobre caminha a pé
Ou de jumento no sertão.
Já o deputado rico
Vai à Europa de avião.
Lá ele come caviar;
Aqui, pro pobre, falta pão.

O deputado indignado,
Queixa-se, bravo, na TV,
Dizendo, em outras palavras,
“Povo tem que se fuder!”
Quem mandou pobre existir?
Quem mandou pobre nascer?

Até os ditos deputados,
Da ala da honestidade,
Usando o mesmo artifício,
Sacaniou a sociedade.
Eu desconfio que, aqui
Nunca existiu moralidade!

O Gabeira sempre se gabou
De ser honesto e legal;
O Suplicy me enganou
Com seu semblante bacural.
Ambos, por certo, aprenderam
As artimanhas do lalau.

Quem que paga esta conta?
É você, também sou eu!
E quem paga o caviar?
Põe na conta do Abreu!
O Abreu é mais um pobre
Que banca a vaca Galisteu!

Bando de filhos da mãe!
Pro inferno bandidagem!
Um dia nós venceremos
Esta vil picaretagem!
Para isso usaremos,
A nossa força e coragem!

Enquanto isso, no sertão,
Caminha o pobre contente,
Pois o santo São José,
Mandou uma chuva decente.
Na cabeça ele pensa::
“Vai nascer minha semente.”


Isaías Gresmés 07/05/2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Meu poema é...

MEU POEMA É...

Meu poema é um fósforo riscado,
A espantar a escuridão.
E a deixar os olhos ofuscados.

Sim, meu poema nada faz:
É tão somente o clarão
Que num instante, o breu, desfaz...

Eu, menino, descobrindo tudo,

Acendo mais um poema na solidão do escuro...

Isaías Gresmés

domingo, 3 de maio de 2009

O LADRÃO DE PERFUME

O ladrão de perfume

Ela nasceu vistosa flor
Em lar fértil de carinho
E regado de amor

Sua mãe, simples mulher
Vivia à sorte do marido
Tal qual flor de bem-me-quer

O marido, homem guerreiro
Era excelente pai
E amoroso companheiro

Mas a fúria do destino
Ordenou à ceifadeira
Que levasse o seu Justino

Um período se passou
E a mãe, dona Fidélia
Novamente se casou

O novo marido, jovem demais
Mostrou ser erva daninha
Naquele jardim de paz

A menina, vistosa flor
Não tardou para conhecer
A face horrenda do terror

Enquanto Fidélia ia trabalhar
Seu companheiro cruel
Ousou à Rosa molestar

Cada dia era uma agonia
E a cada novo abuso
Parte dela ela perdia

Rosa já não mais comia
Também já não mais brincava
Cantar já não mais queria

Diante da crueldade
A Rosa não resistiu
E viajou para eternidade

A mãe, na dor também
Não assimilou a sua perda
E também foi para o além

Seu marido, homem cão
Hoje vive em outro lar
Como um bicho-papão

Isaías Gresmés 03/05/2009

sábado, 2 de maio de 2009

Indriso estrupiço

Indriso estrupiço

Escrevo meus versos de modo impreciso
Perdidos, jogados, do juízo banidos
Como se eles fossem nojentos bandidos

Vão saindo tortos, meio combalidos
Seguros, grudados por fortes amarrilhos
Formando, na forma, horrendo indriso

Que para mim mais parece um estrupiço

Piaba pequena, frente ao meu caniço

Isaías Gresmés 02/05/2009.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

GRIPE SUÍNA

GRIPE SUÍNA

Maldita! Maldita é a gripe suína
Que surgiu assim, sem dar explicação
Revelando ao mundo um cruel vilão
Ceifando as vidas em fúria assassina

O vírus da morte é combinação
De genes letais à vida humana
Sua sede de sangue é vil, é insana
A morte é a meta, é a sua missão

A Terra é o lar deste ser pequenino
Que há milhões de anos faz-se assassino
Capaz de mudar, tal qual camaleão

Não poupa a ave, tampouco o caprino
Não diferencia homens de suínos
Todos alimentam sua evolução

Isaías Gresmés 01/05/2009