quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CRACOLÂNDIA


CRACOLÂNDIA

Mas uma vez volto ao tema “Cracolândia”. É um assunto deprimente, mas precisa ser abordado por todos na sociedade. Neste início de 2012, essa maldita “terra do crack” voltou a ser notícia porque o poder público municipal, resolveu fazer uma faxina no mal visto lugar. E o que se viu foi aquela triste cena de maltrapilhos arrastando-se sem direção; verdadeiros mortos-vivos formando um quadro de expressão horripilante.
A polícia fez o cerco, avançou por sobre o terreno, expulsou os ocupantes dos estabelecimentos abandonados e prendeu os poucos que ofereceram resistência. A representante da polícia afirmou que o objetivo primeiro era esse mesmo: ocupar o espaço, expulsar os viciados e prender os traficantes e que caberia ao poder público entrar com ações sociais.
Após a ocupação, a prefeitura iniciou a limpeza do local. Havia por ali uma quantidade de lixo enorme, sem contar o mau cheiro causado pelas fezes e pela urina dos ocupantes que foram retirados do local.
Uma questão ganhou destaque em meio a tudo isso, a tal da “internação compulsória”, que é uma internação à força, determinada pela justiça, sem o consentimento do dependente da droga. Alguns especialistas se posicionaram a favor, sob o argumento de que o viciado, devido à sua condição de total dependência, não possui a mínima condição de se decidir por sua causa própria, restando, segundo esses especialistas, à justiça a imposição do tratamento forçado. Outros entendidos no assunto acreditam que este não seja o caminho, pois defendem que o tratamento só é eficaz quanto o dependente químico deseja ser tratado.
Após ouvir os dois lados, e mais, depois de presenciar de perto a “vida” dessas pessoas, fico com a opinião daqueles que defendem a internação compulsória, pois acredito que aquelas pessoas, em sua quase totalidade, não conseguirão jamais livrarem-se das malfadadas fumaças dos cachimbos improvisados. O vapor maldito escraviza o cérebro, e é ele quem deveria possuir o discernimento exato para concluir que o crack, o senhor do fumacê, é algo a ser evitado a qualquer custo.
O argumento do livre arbítrio é muito bonito, politicamente correto e por isso deveria servir para resolver a esta situação, mas ele não é eficaz no caso dos viciados em crack. Essa droga vicia já na primeira baforada; o usuário passa então a ser mais um escravo que caminha para a morte, mas antes de morrer vai vender tudo que tem, vai destruir os laços de família, e se juntar a outros infelizes em igual situação.
Já existe várias “Cracolândias”, sendo que a mais famosa localiza-se nas imediações da estação da Luz, na cidade de São Paulo.
O que fazer para resolver esta triste situação? Será que basta apenas levar a polícia ao local e expulsar os usuários como fez o prefeito de São Paulo? Será que o problema maior é o lixo que essas pessoas deixaram naquele fétido local? Penso eu que não. Defendo a internação compulsória para tratar os viciados o tempo que for preciso; e também que se prendam os traficantes, punindo-os nos rigores da lei; que se limpe o local, promovendo uma revitalização e que o mesmo seja devolvido aos cidadãos de bem desta cidade.
 Para que tudo isso aconteça seria necessário muito mais que dinheiro por parte do poder público; é preciso antes de tudo, boa vontade para resolver a situação em definitivo.
O que vimos ontem foi muito mais uma faxina, no sentido real do termo, do que uma solução para o problema. O prefeito desta cidade apenas varreu os usuários para outras partes da região, ou seja, atacou o efeito e não a causa. Espero que seu sucessor tenha a coragem para resolver de forma definitiva este terrível problema, ou nós, munícipes, estaremos fadados a assistir àquelas tristes cenas dos usuários em meio ao lixo nas ruas abandonadas pelo poder público desta cidade.

ISAÍAS GRESMES, 04/01/2012     

Um comentário:

  1. Oi amigo!
    Como sempre, deixando suas verdades expostas para nossa reflexão...
    Parabéns!!!
    Um beijo.

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Eu, desde já agradeço a você, nobre amigo(a), pela presença aqui. Fique à vontade quanto ao seu comentário.