PRECONCEITOS
Divino pai gracioso
Criador do universo
Peço agora que me guie
Na escrita do meu verso
Vou versar o preconceito
Ser maligno e perverso
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
E lá, no ventre da alma
Permanece, então, latente
Quando nasce, já fere
Com o seu grito estridente
É irmão do egoísmo
Primo da perversidade
Tem mau sangue da soberba
E prega a desigualdade
Sua mãe e a arrogância
E sua avó é a maldade
É um mal camaleão
Pois assume vários rostos
Mas todos eles têm marcas
Que revelam seus desgostos
Marcas, essas, de ódio
E intolerância aos opostos
O preconceito regional
É terrível opressor
Já vi muito homem barbado
Semeando esse terror
Neonazismo é seu fruto
Seu efeito é o desamor
Essa força aterradora
Não aceita o diferente
Assim o homossexual
É visto como demente
Que precisa ser massacrado
E banido do presente
O preconceito racial
Sempre houve na História
Onde alguns grupos humanos
Foram tidos como escória
E muitos não conseguiram
Contra ele, uma vitória
Aqui em nosso país
O negro era “animal”
Vendido como gado
Ou trocado até por sal
Nas senzalas eram surrados
De maneira bem brutal
Com o fim da escravidão
Não acabou o preconceito
E o preto, então, se via
Desprovido de direito
E continuou sendo taxado
De animal imperfeito
Hoje em dia é diferente
O negro é mais respeitado
Mas o preconceito existe
Permanece enraizado
Ainda têm imbecis
Com as cabeças no passado
II
O irmão lá do sertão
Ao vir para cidade
Sofre com o preconceito
E, assim, sente saudade
Do seu canto no nordeste
Onde só a seca agreste
Causava-lhe infelicidade
Mas na selva de concreto
A coisa é diferente
Alguns tolos, arrogantes
Pensam que há subgente
Assim, o pobre coitado
Do sertão é maltratado
Por infelizes dementes
O homossexual
Sofre diuturnamente
Devido ao preconceito
Que ainda se faz presente
Muitos são desprezados
Alguns foram massacrados
Por amarem diferente
O negro ainda arrasta
As correntes da escravidão
Pois trabalha igual ao branco
Mas recebe menos pão
Ah meu Deus, que bom seria
Se o Brasil da hipocrisia
Sanasse essa aberração
A mulher é caso à parte
A parte desprestigiada
Pois em grandes discussões
Permanecem ignoradas
E, apesar das melhorias
Ainda nossas Marias
Enfrentam duras jornadas
III
Nossos irmãos nordestinos
São tratados indignamente
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
Mesmo trazendo o cordel
A buchada e o repente
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
Nossos negros ainda sofrem
Com chacotas frequentes
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
São a base do nosso povo
Mas o mal ainda sentem
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
Nossos irmãos dekasseguis
Padecem no Oriente
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
Agora enfrentam a ira
Na Terra do Sol Nascente
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
Nossas Marias recebem
Até convites indecentes
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
Não sejamos pais do monstro
Que se disfarça de gente
Preconceito é um conceito
Concebido erroneamente
IV
O que seria preciso
Para não haver preconceito?
Penso eu que é preciso
Cultivar amor no peito
Pois foi com o amor divino
Que todo homem foi feito
Esse amor é traduzido
Na grande diversidade
Onde cada indivíduo
Com sua singularidade
Contribui com sua parte
Na promoção da igualdade
O diferente é legal
Nos ensina uma lição
A lição da tolerância
Crucial ao bom cristão
Pois assim versou Cristo
“Que todos somos irmãos”
Isaías Gresmés 04/08/2009
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