O URUBU
Lá embaixo vejo meu almoço
Já exalando seu odor ruim
Meus amigos fazem alvoroço
Vou descer, senão será meu fim
Vejam só, é um cachorro morto
Estraçalhado por um caminhão
Eu prefiro carniça de porco
Mas, não tendo, vai esta então
Sou urubu, grande carniceiro
Me alimento de coisa estragada
Só não como resto de banheiro
Que os homens deixam na privada
As pessoas não gostam de mim
Dizem que sou bicho nojento
Mas não sou tão pestilento assim
O homem é muito mais fedorento
Pois, tem ele, por banho mania
Para livrar-se do terrível odor
Que acentua-se no fim do dia
Pelo mau cheiro do seu fedor
Urubu é sábio e muito exigente
E escolhe, no olhar, a sua refeição
Ele dispensa a carne de gente
Que carrega, em si, a sua podridão
Na natureza, todo bicho que morreu
Cai por terra para apodrecer
Os restos mortais do que faleceu
É alimento para o urubu crescer
Assim segue a vida se renovando
Cada um carrega a sua sina
O urubu - frondosa ave - segue voando
Em seu enigmático voo de rapina
ISAÍAS GRESMÉS 08/08-2009
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