sábado, 8 de agosto de 2009

O urubu

O URUBU

Lá embaixo vejo meu almoço
Já exalando seu odor ruim
Meus amigos fazem alvoroço
Vou descer, senão será meu fim

Vejam só, é um cachorro morto
Estraçalhado por um caminhão
Eu prefiro carniça de porco
Mas, não tendo, vai esta então

Sou urubu, grande carniceiro
Me alimento de coisa estragada
Só não como resto de banheiro
Que os homens deixam na privada

As pessoas não gostam de mim
Dizem que sou bicho nojento
Mas não sou tão pestilento assim
O homem é muito mais fedorento

Pois, tem ele, por banho mania
Para livrar-se do terrível odor
Que acentua-se no fim do dia
Pelo mau cheiro do seu fedor

Urubu é sábio e muito exigente
E escolhe, no olhar, a sua refeição
Ele dispensa a carne de gente
Que carrega, em si, a sua podridão

Na natureza, todo bicho que morreu
Cai por terra para apodrecer
Os restos mortais do que faleceu
É alimento para o urubu crescer

Assim segue a vida se renovando
Cada um carrega a sua sina
O urubu - frondosa ave - segue voando
Em seu enigmático voo de rapina

ISAÍAS GRESMÉS 08/08-2009

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