quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pelada

PELADA

Todo dia era igual
Sem ter hora marcada
Reuníamos todo mundo
E íamos para pelada

O campo era de terra
De superfície esburacada
Onde havia alegria
Nos pés da molecada

Cada líder escolhia
A turma a ser comandada
No pontapé inicial
A partida começava

O tempo era parceiro
De toda a meninada
Que fadiga não sentia
Nem com as horas passadas

Incidentes existiam
Como unhas arrancadas
Luxações, joelho roxo
Mas nada assustava, nada

O campinho de terra
Era a arena abençoada
Onde nós ali vibrávamos
A cada nova jogada

Às vezes faltando unhas
Ou com bocas ensanguentadas
Mas nada era um estorvo
Para a nossa cambada

Dos Coliseus de terra
Das favelas, das quebradas
Já nasceu até um rei
Que no campo enfeitiçava

E continuará assim
Enquanto houver pelada
Nos nossos campos de terra
De superfície esburacada

Surgirão novos guerreiros
Que hão de fazer jogadas
Que calarão os rivais
Nas arenas gramadas

Ah tempo, por que passou
Ah que coisa danada
Sonhando me senti moleque
Com alma até renovada

Tenho saudades de um tempo
Em que o tempo até parava
E eu feliz, com os amigos
Seguia a jogar pelada

Isaías Gresmés 16/09/2009

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