quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Paixão Oriental

PAIXÃO ORIENTAL

Foi numa manhã de primavera ensolarada,
Em que as flores do Ipê já descansavam nas calçadas
Das discretas e estreitas alamedas do Embu,
Que eu avistei Mishiko, em um lindo traje azul.
Ela estava concentrada no entalhe da madeira,
Esculpindo um bebê que segurava a mamadeira...
Fiquei ali observando-a como que paralisado,
Desejando, algum dia, ser por ela desejado
E também ficar pra sempre residindo em sua mente...
(E morar junto com ela na Terra do Sol nascente...)
De repente acordei do lindo sonho repentino,
Com a certeza de que ela era a luz do meu destino.
Decidido, resolvi ir até ela e conversar.
Mas Mishiko era muda... não podia falar...
Ela se comunicava somente com gestuais
E conseguia fazer isso com sutileza e paz...
Do seu semblante emanava um sei que de alegria;
Do seu todo - uma canção de engenhosa harmonia...
“Conversamos” sobre tudo e juntos demos risadas,
Até que fomos despertos por ruidosas trovoadas:
Do céu, Deus anunciava que a chuva ia cair
E nos avisava assim, que já era hora de ir.
No momento da despedida eu não puder me conter,
Segurei a mão da deusa – e ela pôde perceber
Que as minhas mãos tremiam por causa da emoção
Que percorria meu corpo – das unhas ao coração...
Então a ela nada disse... Me virei e saí correndo...
Atitude que, aliás, hoje, eu muito me arrependo
Porque, dias depois, ao voltar para o Embu
Eu já não mais avistei a minha linda flor azul.
Perguntei a um artista que trabalhava no local
E o que ele me disse me deixou passando mal:
“Um raio que aqui caiu fulminou a japonesa
Para o nosso sofrimento e nossa grande tristeza...”
Naquele triste momento morreu parte de mim
Pois, de uma grande paixão, eu só fiquei com o fim...

Isaías Gresmés 04/12/2008

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