VAIDADE
Peço a Deus nesse momento
Um pouco de inspiração,
Para que eu possa escrever,
Aquilo que eu entender,
Estar perfeito na razão.
É um assunto complicado,
Vou falar da vaidade:
Pois pra quem é vaidoso,
Cultivá-la é prazeiroso
E não vê nisso uma maldade.
O sujeito vaidoso,
Cuida da imagem com zelo,
Se penteia e passa gel
E para ele é um troféu,
Quando elogiam seu cabelo.
Para ele é muito pouco
Um vidrinho de perfume,
O seu corpo perfumado,
Não disfarça o enjoado,
Bafo fétido de estrume,
Que emana da sua mente
Poluída com ignorância;
Vazia no essencial,
Repleta com o banal,
Desde a sua tenra infância.
Bem, esse é apenas um
Dos vários tipos de vaidoso.
Pois muitos não se acham,
Outros até disfarçam
Esse defeito horroroso.
Existe por exemplo, o poeta vaidoso,
Que - às vezes - escreve asneira.
Mas que, mesmo assim,
Espera que quem leu - no fim-
Elogie sua besteira.
E se isso não acontece,
Fica mal consigo mesmo.
Ele atira chateação,
Por causa dessa questão,
Pra todo lado: a esmo.
Começa a se lamentar
Que se sente desprezado
E espalha seu azedume
Tal qual o porco, o estrume,
Tornando-se um “pé-no-saco”.
O poeta vaidoso
Adora ser elogiado.
Quando isso não acontece,
De cara ele se aborrece
E diz sentir-se desprezado.
Certamente é o caso
De apelar pro analista.
Ou quem sabe de arrumar,
Um padre pra confessar,
Os queixumes da sua lista.
Vaidade é defeito
Disso eu tenho certeza
É tão ruim quanto a ganância,
A raiva, a arrogância,
A preguiça ou a avareza.
É pecado capital.
É tapume pra visão.
Quem dela é escravo,
Está preso com um cravo,
Espetado no coração.
Sua visão é deformada
Pela imagem narcisa -
A sua própria imagem.
Certamente uma miragem
Disforme e imprecisa.
Não há ser aqui na Terra
Desprovido de vaidade:
Há alguns bem mais que outros;
No saco dela estamos todos -
Isso eu afirmo em verdade.
Isaías Gresmés 14/11/2008
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