terça-feira, 18 de novembro de 2008

SELVA DE PEDRA

SELVA DE PEDRA


Ontem, floresta, rios, animais
Hoje, trânsito e empreendimentos prediais

Ontem, harmonia com a natureza
Hoje, água morta – Tietê – tristeza

Ontem os curumins podiam nele brincar
Hoje, no seu Vale, meninos vão roubar

Ontem a visão eurocêntrica prevalecia
Hoje a prevalência é a da burguesia

Ontem, bosques, flores perfumes
Hoje vielas estreitas, fedor, estrume

Ontem, podia-se ver o belo João-de-barro
Hoje, pra onde se olha, só se vê os carros

Ontem, a Vila de São Paulo de Piratininga
Hoje, os botecos que só vendem pinga

Ontem uma selva, intacta, genuína
Hoje, mortos vivos pela cocaína

Ontem já passou, já se foi, já era
Hoje somos frutos da selva de pedra


Isaías Gresmés 18/11/2008

Um comentário:

  1. Muito vivo,muito real seu poema. É uma pena que precisemos poetar algo tão cruel como nosso mundo real. Parabéns poeta.

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