sábado, 31 de outubro de 2009

A canção do novo mundo

A CANÇÃO DO NOVO MUNDO


A canção do novo mundo
É a mais linda das canções
Seu apelo faz o moribundo
Correr sorrindo nas elevações

A canção do novo mundo
Interfere nos sentidos
Pois torna cada segundo
Digno de ser ouvido

No novo mundo a canção
Do verbo, arte se fez
E cada nota então
Fez-se tutti de uma vez

No novo mundo a canção
Mostrou a todos mortais
Que a arte, essa não
Não vai morrer jamais


Isaías Gresmés 31/10/2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A ESTRADA DA VIDA

A ESTRADA DA VIDA


A estrada da vida é um longo caminho
Que ruma o homem à perfeição,
Mesmo sabendo ele ser somente um cisquinho,
Esforça-se sempre para entender sua missão.

A estrada da vida é longa lição
Que se iniciou já no primeiro segundo,
No momento em que Deus, numa Grande Explosão,
Concedeu-nos tudo isso que chamamos de mundo.

A estrada da vida é o espaço-tempo,
Verdadeira medida do vasto universo,
Capaz de medir até quando tento
Descrever tudo isso com meus simples versos.

A estrada da vida foi planejada
Por nosso Senhor (e ela sempre se renova).
Seu início foi de forma “acalorada”,
Numa pirotecnia de uma Supernova.

Então, a poeira dos seus elementos,
Sucumbiram-se em um imenso caracol;
A gravidade estupenda, em um dos seus fragmentos,
Fez surgir para vida nosso lindo sol.

Outra parte, menor, nesta remota era,
Passou a girar, orbitando o rei.
Refiro-me à nossa querida Terra
Cumprindo à Física, um fundamento, uma lei.

Portanto, nós somos poeira de estrela,
Uma obra do Pai em um tempo distante...
A estrada da vida? Vamos percorrê-la
Pois somos eternos, tal qual diamante.

A estrada da vida é a consciência
Da humanidade, no passar do tempo.
E nos dita o rumo, através da ciência,
Sobre o caminho longo do espaço-tempo.


Isaías Gresmés, 29/10/2009

domingo, 25 de outubro de 2009

A arte de ensinar

A ARTE DE ENSINAR

“Vamos lá, todo mundo fazendo o que o mestre mandar!” E assim a minha aula de capoeira começava na escola onde eu exercia um trabalho voluntário junto à comunidade local. As crianças me seguiam e faziam tudo o que eu ensinava.
“Agora vamos fazer patinho hein!” E todos se agachavam e imitavam o andar dos patos.
Assim eu trabalhava os músculos inferiores e a coordenação motora deles.
“Olha o jacarezinho! – vamos ver quem chega ao rio primeiro!” Era uma festa! Todos saíam rastejando, assim como faz o réptil quando anda no solo.
Desta forma eu trabalhava tanto os membros superiores quanto os inferiores, além da resistência respiratória.
“Atenção! Agora todo mundo é sapo!” E era um tal de pula-pula para todos os lados, uma verdadeira festa! Essa era a maneira que eu usava para desenvolver a força de explosão dos meus alunos.
Quando terminava essa primeira sessão, eu fazia a brincadeira que eles mais gostavam, que era o “Capitão-do-mato”.
“Vem cá menino! Você vai ser o nosso Capitão”.
E lá iam os negros fujões, tentando se livrar do Capitão e do trabalho escravo. Refugiavam-se na capoeira, um local descampado, com pequenos arbustos – um mato ralo, segundo a língua tupi-guarani, que deu origem ao nome da nossa arte-luta. O Capitão seguia no encalço na intenção de trazê-los novamente à fazenda.
“Peguei você!” Quando o Capitão conseguia capturar um negro fujão, este permanecia imóvel e de cócoras. Só sairia desta posição se outro negro fujão chegasse até ele e desferisse, acima de sua cabeça, um golpe chamado “meia-lua-de-frente”. Se isso ocorresse, ele estava livre novamente.
Fazendo uso desta brincadeira eu ensinava que a liberdade é um dos maiores bem que uma pessoa pode possuir e, que no passado nossos ancestrais negros não tinham posse desse bem primordial. Ensinava também o valor do trabalho em equipe e, ainda por cima, alguns fundamentos da capoeira, como a defesa em cócoras e a meia-lua-de-frente (eu ia variando os golpes para não ficar monótono).
Finda esta etapa, eu voltava a correr em círculo, com eles atrás de mim. Executava um movimento e seguia; quem vinha logo a seguir fazia o mesmo e assim sucessivamente.
“Agora vamos nos alongar, tudo bem?”
“Vamos tentar encostar nossos dedinhos lá no céu... Agora vamos encostar nossas mãos lá no chão...”
Faltando meia hora para o término da aula (que durava duas horas), eu armava um berimbau e iniciava outra etapa no ensino deles:
“Oh lá-lá-ê ,Oh lá-lá-ê ,Oh lá-lá-ê, lá-la-i-lá...” E eles respondiam ao coral, além de responder nas palmas: “Oh lá-lá-ê....” “Olha a palma de Bimba, é um, dois, três...”
Todos sentavam em círculo e a roda começava.
Eu jogava inicialmente com todos eles, depois colocava os meus melhores alunos, cada qual numa roda , enquanto que os restantes passavam, um a um, jogando com cada um deles, numa espécie de rodízio; permanecendo essa dinâmica até o fim da aula.
Ensinava assim, a importância da disciplina hierárquica.
Tenho saudades daquele tempo...

Isaías Gresmés 25/10/2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O encando da Capoeira

O ENCANTO DA CAPOEIRA


Meu amigo Rui pediu
Nessa nossa brincadeira
Que eu cantasse ao Brasil
Sobre a nossa Capoeira

Sendo assim vou começar
Cantando uma Ladainha
Para os “santos” invocar
Numa roda miudinha

Ladainha é um canto
Que conta um acontecido
Ai reside o encanto
Sobre o fato ocorrido

Começa sempre no “Iê”
Um grito bem poderoso
Que faz qualquer chão tremer
Mesmo que seja rochoso

Logo após, a Louvação
É o reconhecimento
Em forma de oração
Ao mestre do firmamento

Em seguida o Corrido
É puxado para cima
No coro é respondido
Bem no compasso da rima

Pernas lá e pernas cá
Cabeçada e rolê
Corpos se fundem no ar
Em um grande fuzuê

O encanto da Capoeira
Tem o nome de Mandinga
Sobrenome de rasteira
E apelido de ginga

“Iê, viva meu mestre
Ê, ê, ê, viva meu mestre, Camará
Iê, quem me ensinou
Ê,ê, ê, quem me ensinou, Camará”

Isaías Gresmés 16/10/2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ah, se eu pudesse

AH, SE EU PUDESSE

Ah, se eu pudesse
Resolver os meus problemas apenas com uma prece
Será que posso
Não tenho certeza
Meu desejo então fenece diante da minha fraqueza

Ah, se eu pudesse
Frear meus maus sentimentos
Será que posso
Acho que não
Eles sempre aparecem a cada nova tentação

Ah, se eu pudesse
Encontrar uma equação
Que sintetizasse, em números, as incertezas de minh’alma
Será que posso? Talvez um dia
E, neste dia, subtrairei minhas angústias e somarei sabedoria

Ah, se eu pudesse, enfim
Entender os desígnios de Deus
Talvez divinamente sentisse que eles também são meus

Isaías Gresmés