Fui buscar no matagal
Uma madeira perfeita,
Bem formosa, bem direita
Pra fazer meu berimbau.
Não! Não pode ser bambu!
Nem peroba ou aroeira;
Jatobá ou castanheira;
Mas serve o guatambu.
Achei a verga ideal.
Agora é só esperar
Ela naturalmente secar,
Pra então levar um grau.
Faz-se necessário lixar
Com toda delicadeza,
Pra tirar a aspereza
E ela, lisinha ficar.
O courinho vai na ponta,
Fixado com tachinha,
Com espessura bem fininha
E com uma forma redonda.
O arame eu vou tirar
Do pneu com a turquesa,
Sem força, só com destreza;
Sem pressa, bem devagar
É dele que sai o som.
Por isso eu vou lixá-lo
Para, com isso, limpá-lo
E torná-lo, assim, bom.
Quem escolhe a cabaça
É a verga, não sou eu.
Não importa o gosto meu:
Até parece pirraça
Amarrei no arame o cordão,
Para um som, enfim, tirar.
Se ele grave soar
É um gunga muito bom.
Mas se o som não for assim
Muito grave, meu irmão:
É um médio ele então;
Esse será o seu fim.
Entretanto, se o som soar
Com um timbre bem agudo,
Pode se esquecer de tudo:
É viola – de improvisar.
Está pronto meu berimbau,
Que é parte da minha vida;
E voz da gente sofrida
Que penou levando pau.
Mas que viu aqui nascer
Uma arte magistral,
Que no toque do berimbau
Faz qualquer mortal tremer.
Isaías Gresmes 21/08/2008
Isaías,
ResponderExcluirGostei demais da singelesa dessa poesia. Bem se vê que você é um mestre em capoeira. É um tipo de poesia muito difícil de compor porque é descritiva, mas você saiu-se marabilhosamente bem...
OLá Isaías.
ResponderExcluirSeu blog é lindo, vou ler com calma e fazer vários comentários.
Beijos