quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Um berimbau na minha vida

Fui buscar no matagal
Uma madeira perfeita,
Bem formosa, bem direita
Pra fazer meu berimbau.

Não! Não pode ser bambu!
Nem peroba ou aroeira;
Jatobá ou castanheira;
Mas serve o guatambu.

Achei a verga ideal.
Agora é só esperar
Ela naturalmente secar,
Pra então levar um grau.

Faz-se necessário lixar
Com toda delicadeza,
Pra tirar a aspereza
E ela, lisinha ficar.

O courinho vai na ponta,
Fixado com tachinha,
Com espessura bem fininha
E com uma forma redonda.

O arame eu vou tirar
Do pneu com a turquesa,
Sem força, só com destreza;
Sem pressa, bem devagar

É dele que sai o som.
Por isso eu vou lixá-lo
Para, com isso, limpá-lo
E torná-lo, assim, bom.

Quem escolhe a cabaça
É a verga, não sou eu.
Não importa o gosto meu:
Até parece pirraça

Amarrei no arame o cordão,
Para um som, enfim, tirar.
Se ele grave soar
É um gunga muito bom.


Mas se o som não for assim
Muito grave, meu irmão:
É um médio ele então;
Esse será o seu fim.

Entretanto, se o som soar
Com um timbre bem agudo,
Pode se esquecer de tudo:
É viola – de improvisar.

Está pronto meu berimbau,
Que é parte da minha vida;
E voz da gente sofrida
Que penou levando pau.

Mas que viu aqui nascer
Uma arte magistral,
Que no toque do berimbau
Faz qualquer mortal tremer.

Isaías Gresmes 21/08/2008

2 comentários:

  1. Isaías,

    Gostei demais da singelesa dessa poesia. Bem se vê que você é um mestre em capoeira. É um tipo de poesia muito difícil de compor porque é descritiva, mas você saiu-se marabilhosamente bem...

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  2. OLá Isaías.
    Seu blog é lindo, vou ler com calma e fazer vários comentários.
    Beijos

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Eu, desde já agradeço a você, nobre amigo(a), pela presença aqui. Fique à vontade quanto ao seu comentário.