CRACOLÂNDIA
Mas uma vez
volto ao tema “Cracolândia”. É um assunto deprimente, mas precisa ser abordado
por todos na sociedade. Neste início de 2012, essa maldita “terra do crack”
voltou a ser notícia porque o poder público municipal, resolveu fazer uma faxina
no mal visto lugar. E o que se viu foi aquela triste cena de maltrapilhos
arrastando-se sem direção; verdadeiros mortos-vivos formando um quadro de
expressão horripilante.
A polícia fez
o cerco, avançou por sobre o terreno, expulsou os ocupantes dos estabelecimentos
abandonados e prendeu os poucos que ofereceram resistência. A representante da
polícia afirmou que o objetivo primeiro era esse mesmo: ocupar o espaço,
expulsar os viciados e prender os traficantes e que caberia ao poder público
entrar com ações sociais.
Após a
ocupação, a prefeitura iniciou a limpeza do local. Havia por ali uma quantidade
de lixo enorme, sem contar o mau cheiro causado pelas fezes e pela urina dos
ocupantes que foram retirados do local.
Uma questão
ganhou destaque em meio a tudo isso, a tal da “internação compulsória”, que é
uma internação à força, determinada pela justiça, sem o consentimento do
dependente da droga. Alguns especialistas se posicionaram a favor, sob o
argumento de que o viciado, devido à sua condição de total dependência, não
possui a mínima condição de se decidir por sua causa própria, restando, segundo
esses especialistas, à justiça a imposição do tratamento forçado. Outros
entendidos no assunto acreditam que este não seja o caminho, pois defendem que
o tratamento só é eficaz quanto o dependente químico deseja ser tratado.
Após ouvir os
dois lados, e mais, depois de presenciar de perto a “vida” dessas pessoas, fico
com a opinião daqueles que defendem a internação compulsória, pois acredito que
aquelas pessoas, em sua quase totalidade, não conseguirão jamais livrarem-se
das malfadadas fumaças dos cachimbos improvisados. O vapor maldito escraviza o
cérebro, e é ele quem deveria possuir o discernimento exato para concluir que o
crack, o senhor do fumacê, é algo a ser evitado a qualquer custo.
O argumento
do livre arbítrio é muito bonito, politicamente correto e por isso deveria
servir para resolver a esta situação, mas ele não é eficaz no caso dos viciados
em crack. Essa
droga vicia já na primeira baforada; o usuário passa então a ser mais um
escravo que caminha para a morte, mas antes de morrer vai vender tudo que tem,
vai destruir os laços de família, e se juntar a outros infelizes em igual
situação.
Já existe
várias “Cracolândias”, sendo que a mais famosa localiza-se nas imediações da
estação da Luz, na cidade de São Paulo.
O que fazer
para resolver esta triste situação? Será que basta apenas levar a polícia ao
local e expulsar os usuários como fez o prefeito de São Paulo? Será que o
problema maior é o lixo que essas pessoas deixaram naquele fétido local? Penso
eu que não. Defendo a internação compulsória para tratar os viciados o tempo
que for preciso; e também que se prendam os traficantes, punindo-os nos rigores
da lei; que se limpe o local, promovendo uma revitalização e que o mesmo seja
devolvido aos cidadãos de bem desta cidade.
Para que tudo isso aconteça seria necessário
muito mais que dinheiro por parte do poder público; é preciso antes de tudo,
boa vontade para resolver a situação em definitivo.
O que vimos
ontem foi muito mais uma faxina, no sentido real do termo, do que uma solução
para o problema. O prefeito desta cidade apenas varreu os usuários para outras
partes da região, ou seja, atacou o efeito e não a causa. Espero que seu
sucessor tenha a coragem para resolver de forma definitiva este terrível
problema, ou nós, munícipes, estaremos fadados a assistir àquelas tristes cenas
dos usuários em meio ao lixo nas ruas abandonadas pelo poder público desta
cidade.
ISAÍAS
GRESMES, 04/01/2012
Oi amigo!
ResponderExcluirComo sempre, deixando suas verdades expostas para nossa reflexão...
Parabéns!!!
Um beijo.